Depois da elogiada estreia como artista plástica em SP, a atriz e diretora Bárbara Paz trouxe a mostra “Auto-acusação” para o Centro de Artes Hélio Oiticica, no Centro, nesse fim de semana. Os convidados chegavam com as boas-vindas através de sons de vidro caindo sobre vidro, uma videoarte da artista com uma cascata de garrafas estilhaçadas em preto e branco, e a própria usando um terno preto e branco e óculos escuros (o ambiente é climatizado!).
São peças contruídas a partir das marcas que fizeram parte da vida da artista, depois de um acidente que sofreu em dezembro de 1992, quando o carro em que estava bateu contra a pilastra de um prédio; ela quase perdeu o maxilar, e seu rosto, cortado pelo vidro, passou por várias cirurgias. Pó, cacos de vidro, o ponto de sutura que a costurou, os cabelos e a base líquida ajudaram a esconder as marcas em vídeos, fotografias, instalações e perfomances do ponto de vista da autora.
“Eu precisava falar não só sobre as minhas marcas, mas também sobre as cicatrizes de todo ser humano; então é um trabalho que eu queria fazer”, diz ela. O título da mostra vem da peça homônima do dramaturgo austríaco Peter Handke. “A gente está sempre se acusando neste mundo de hoje, movido por eus. Será que eu deveria estar aqui? Será que eu deveria expor?’”, questiona ela.