A medir pelo número e perfil do público, a carreira de Fábio Miguez vai bem, obrigado: o artista inaugurou a individual “Construtor de memória”, nessa quinta (23/11), na Nara Roesler, em Ipanema, em volta de muita gente destacada, em sua maioria, artistas. São mais de 30 pinturas criadas este ano, desdobramentos da sua série “Atalhos”, que expôs na mesma galeria, em 2016.
Nas telas, ele constrói uma memórias de sua trajetória, tendo como ponto de partida uma viagem à Itália, no início dos anos 1980, quando decidiu abandonar a faculdade de Arquitetura para se dedicar à pintura. “Estávamos no trem, numa parada em Pádua, e alguém disse: ‘Minha mãe falou que aqui tem uma capela do Giotto!’; descemos do trem e fomos lá ver a capela de Scrovegni. E foi tão fascinante, tão acachapante, que saímos da capela e começamos a pautar a viagem só olhando esses caras. O contato com o universo pré-renascentista foi fundamental, embora estivesse muito distante do trabalho que fiz nos anos 1980 e 1990. Agora estou reconstruindo meu caminho a partir deste começo, fazendo um inventário do que amo”, explica Fábio.
Os convidados ficaram muito curiosos com uma série em que o artista usa embalagens de caixas de fósforos, descolando as abas de modo a que ficassem planas. Os seis retângulos na embalagem servem como elementos geométricos, dispostos em oito espaços na tela, em combinações variadas.