Quando celebrei o casamento da Carol Sampaio e do Fred em fevereiro, na Sapucaí, recebi um retorno incrível dos convidados. Muitos fizeram questão de vir me cumprimentar ao término da cerimônia, surpresos com o fato de ter sido uma mulher a conduzir aquele rojão.
Li recentemente uma pesquisa feita pelo The Knot — portal líder no mercado americano — e só confirmei o que já vejo no mercado de casamentos no mundo todo: os noivos estão, cada vez mais, oferecendo uma experiência memorável para si próprios e seus convidados, adaptando os velhos costumes e optando pela “uniqueness” — bandeira forte das novas gerações.
Se antes os casamentos eram sempre conduzidos por sacerdotes – homens, obviamente –, que estavam ali investidos de poder religioso, para mediar uma pretensa sacralização de algo que já deveria ser visto como sagrado por si só, hoje os noivos querem reverenciar um outro deus: o amor. E que cada momento da cerimônia, que pode ser conduzida por qualquer pessoa sensível, seja um reflexo de suas escolhas e personalidades, que traga a relação deles como personagem principal da história, e não como meros coadjuvantes de uma religião, instituição ou tradição arcaica que empurram seus dogmas antes de olhar para o que mais importa. E a verdadeira revolução começa quando a gente tem a coragem de bater no peito e responder ao “status quo” com o que há de mais humano: conexão.
E foi com essa ideia que criei o Atelier do Sim, minha empresa de celebração de casamentos, na qual as cerimônias são escritas e pensadas para reverenciar o amor em todas as suas formas e cores. Com pioneirismo, eu me vi em um mercado dominado por homens. Se é pra romper barreiras, que seja eu a primeira a celebrar na Sapucaí, no Cristo e no topo do Dona Marta. Se é pra desbravar, que eu celebre o amor do Acre à Nova Zelândia (e, fique presa, na Austrália, em plena pandemia mundial!). Se é para servir de inspiração para outras tantas celebrantes maravilhosas, que eu fosse a primeira a realizar uma cerimônia virtual (e transmitida ao vivo no programa É de Casa da TV Globo) e fizesse um programa no GNT mostrando a força das cerimônias laicas e humanizadas. Sim, se é para entrar nesse mercado (tradicionalmente tão conservador), que seja para capinar o mato alto e abrir o caminho pra tanta gente boa brilhar.
Porque eu acredito — com cada molécula aquariana — em talento, conexão, trabalho árduo e autenticidade acima de tudo. E o resultado começa a aparecer.
Nós, mulheres, fazemos gente, criamos vida, temos o impossível como cor preferida e giramos a manivela do mundo. Somos o estalo do Thanos ao contrário. E construímos uma egrégora poderosa onde a única regra é a mudança. Novas gerações de mulheres extraordinárias, costuradas numa ciranda afetiva sem fim, um dia darão as cartas na nossa e em todas as outras indústrias vivas.
Com tantas mudanças no mercado, estamos vendo o casamento deixar de ser um sim formal e obrigatório para o juiz, uma repetição de palavras decoradas do sacerdote e “mais um evento com bebida e comida liberada” na agenda do celular. Agora, você celebra a felicidade e história de amor dos seus familiares e amigos reais-oficiais vivendo um momento único, diferente, emocionante e o mais importante: com a impressão digital dos anfitriões. Tá vendo aí o elemento essencialmente humano?
Esse é um jeito feminino, inclusivo e millennial de ser e pensar. Nós (sim, eu me incluo aqui porque sou filha dos anos 80) estamos sempre conectados, somos questionadores, priorizamos a experiência em relação à posse e somos embaixadores da singularidade.
Mas uma coisa nunca mudará: a irrefreável necessidade de sermos nós mesmas. Então, se liga: seja tradição ou inovação, seja casa ou altar, cachoeira ou mar, velha ou nova, seja antiga ou disruptiva, mas seja você……porque todas as outras mentes e personalidades já estão tomadas.
Maria Paula Zommer é celebrante de casamento e escritora, com formação em Direito, Jornalismo e Publicidade. Está à frente da empresa Atelier do Sim desde 2018. Tem talento reconhecido para contar histórias de amor de forma leve e divertida. Foi a primeira a conduzir uma cerimônia de casamento laica no Cristo Redentor e, recentemente, na Praça da Apoteose. Foi também a primeira a realizar uma cerimônia de casamento virtual, transmitida ao vivo no programa É de Casa, da TV Globo.