“‘Pluft’, de Maria Clara Machado, fruto de um talento amorosamente dedicado ao teatro e cheio de ternura pela vida, cada vez que se apresenta, desperta em meninos e meninas uma centelha de poesia de que eles não suspeitavam, e reaviva em homens e mulheres uma pueril e deliciosa conformidade com os poderes da imaginação.” (Carlos Drummond de Andrade).
Provavelmente, o maior clássico do teatro infantil brasileiro, Pluft ganha montagens, releituras, adaptações, muitas vezes, mal-sucedidas. Ao contrário, a atual encenação de Pluft, o Fantasminha pela competentérima Cia. Pequod — Teatro de Animação, que, de forma contínua, apresenta espetáculos de adaptação e também de criação própria, é uma lindeza.
Miguel Velhinho adapta o texto e vê-se, logo na abertura, que, ao usar referências ícones da cultura japonesa, como os mangás e animes infantis, permite que a atualização se dê pela intersecção de linguagens. E ao escolher o figurino padrão de quimonos, cinza, igual aos artistas. E mais, a utilização das máscaras mantém o mistério de quem fala: é gente, são os bonecos? Dúvida que faz da animação um gênero muito interessante.
O grupo, através do jogo de luz e de duas técnicas de manipulação – bonecos de luva e bonecos de vara – que se sucedem e se misturam, consegue contar a história, delinear os conflitos. O grande acerto é mudança das cores da luz dos fantasmas conforme os sentimentos dos personagens, enfatizando momentos de medo, raiva e vergonha.
Fotos: Renato Mangolin
Serviço:
Sábados e domingos, às 16h