Na imagem de Patricia Gaudêncio, a escadaria que leva ao Morro da Providência, na Gamboa, o berço das favelas cariocas. Foi ali que nasceu Machado de Assis e a Guerra de Canudos, com a história começando em 1883, quando os planos do governo dos prefeitos Barata Ribeiro e, posteriormente, Pereira Passos, tinham como objetivo “limpar” a cidade derrubando cortiços e forçando os moradores a procurar novos lugares.
Os primeiros moradores tiveram como vizinhos os soldados que lutaram na Guerra de Canudos e não foram reconhecidos como heróis — o lugar era chamado “Livramento”, depois “Morro da Favella” (em Canudos tinha um morro com esse nome).
A expressão “favela”, surgiu pela primeira vez em um documento oficial em 1900, “quando o então delegado da 10º Circunscrição e o chefe da Polícia da época, Enéas Galvão, escreveu um documento se referindo ao Morro da Providência como “favela”, um lugar que precisava ser limpo, associando aquele território como um lugar sujo, de gente imoral, entre outros adjetivos negativos”, disse a Agência Brasil.
O morro, no entanto, tem outra atração, já que em 1839 nascia ali Machado de Assis, num dos casarões antigos da Providência, além de outra cultura brasileira, o samba.
É ponto turístico e, em 2008, quem pisou por lá foi o artista francês JR, em busca de um lugar para expandir seu projeto ‘Women are Heroes’ (Mulheres são Heroínas), que já tinha intervenções na Libéria e no Quênia. Foi assim que criou a Casa Amarela, seu projeto social no topo do morro, que oferece aulas de inglês, arte, música e leitura para as crianças da comunidade. JR levou Madonna para conhecer a casa, em 2017.
Se quiser conhecer, existe o “Rolé dos Favelados”, um passeio turístico-sociocultural no morro, criado por Cosme Felippsen, que nasceu e foi criado ali, e já levou centenas de turistas na caminhada, que normalmente acontece aos sábados, partindo da Central do Brasil e passando por lugares históricos da Zona Portuária até chegar às escadarias que levam à Providência.