“Até quando as pessoas vão continuar tendo esse comportamento irresponsável que atinge elas próprias?”, pergunta o biólogo Mario Moscatelli aos cariocas neste início de 2023. Ele acaba de voltar de férias e fez uma vistoria em seu “habitat”, as lagoas e, nesta quinta (05/01), foi à Tijuca — em vez do sofá vermelho de “estimação”, agora tem uma coleção. “Ano novo, imundície velha. Criei até uma intimidade com o sofá vermelho e hoje tem mais cinco. Uma parcela significativa da população não está nem aí para a saúde pública e muito menos para o tema ambiental. Sem palavras para descrever minha tristeza diante de tamanha falta de educação básica”, diz ele.
Com as chuvas previstas para os próximos dias, Mario avisa que o lixo agrava o intenso assoreamento do sistema lagunar (quando a lagoa eleva o nível de água pelo acúmulo de sedimentos e detritos no fundo). “É só lembrar das enchentes de 1996, 2010 e 2019. As ecobarreiras (em lugares estratégicos para evitar que o lixo chegue às lagoas) não fazem milagres, então, com a quantidade que tenho visto, podemos ter agravamento da vulnerabilidade a inundações da Baixada de Jacarepaguá. Estou falando dos resíduos visíveis, fora o lixo doméstico”.
E continua: “Depois, não venha reclamar que a casa inundou, que o filho morreu, que pegou doença porque os causadores da degradação somos nós. Estamos no ambientalismo oral e anal – a gente só fala, e anal porque cagamos e andamos. A conta tá chegando”.