O réveillon é maravilhoso para quem gosta de festa e, claro, tumulto. Existem também os que têm, digamos, restrições: autistas, pessoas doentes ou animais de estimação (capivaras também têm pavor!). Todo ano, é o mesmo drama para donos de cães, que tentam contornar os danos — segundo pesquisa da Petlove, 85% dos animais têm reações negativas ao excesso de barulhos e fogos e acabam se machucando, fugindo ou morrendo.
No início de dezembro, a Câmara Municipal do Rio aprovou projeto de emenda que proíbe a fabricação, comercialização e uso de fogos na cidade. Segundo o texto de Carlo Caiado, fica proibido o uso por indivíduos isolados (festas particulares, balões etc.), mas permite fogos sem estampidos ou, ainda, os que produzam barulho de até 120 decibéis nos casos de eventos realizados pela Prefeitura ou por instituições autorizadas pelo Executivo, detalhe que uma arma de fogo produz 130 decibéis e um estádio de futebol lotado, 115 decibéis. “O projeto dá prazo de 6 meses pra se ajustarem, ou seja, não está valendo este fim de ano ainda. Além disso, são mais visadas as pessoas isoladas. Esse barulho é como estar encostado numa caixa de som de show de rock, uma decolagem de avião a jato ou som de trovão. Estamos expondo também os animais silvestres e domésticos, bebês, crianças, idosos, pessoas com condições como transtorno do espectro autista, ansiedade, transtornos psiquiátricos, cardiopatias e síndrome de sensibilidade seletiva do som (misofonia), entre outras”, explica Rômulo Braga, veterinário do CRV Imagem (Centro de Referência Veterinária), com unidades na Barra e Copacabana.
Rômulo dá dicas para prevenção de maiores problemas, em qualquer época do ano, de eventos festivos:
— o ideal é que pets não fiquem sozinhos, porque a intervenção humana pode prevenir situações ameaçadoras ou reduzir suas consequências;
— você pode planejar a preparação de um ambiente seguro, confortável, protegido, se possível, acusticamente isolado, sem acesso a escadas, pontos de fuga, piscinas e pisos lisos, com tocas e camas a que estejam acostumados, de luz de baixa intensidade ou escuros;
— a prévia prescrição de medicamentos orientados por veterinários e equipamentos acessórios como a “roupa de trovão”, canceladores de ruídos para cães (como abafadores de orelha, tipo fones de cabeça, mas construídos no formato da deles), podem ser medidas que ampliam a efetividade e garantem o resultado;
— se você está numa área conhecida como alvo desse tipo de som, ideal seria levá-los para áreas menos afetadas;
— monitoramento por câmera ajuda se houver alguém que possa prestar socorro rapidamente, se necessário;
— instalação de redes de proteção à prova de fugas e quedas, em janelas e pontos potenciais, é fundamental para gatos e até alguns cães;
— TV, música e programas dedicados para visão e audição de cães e gatos, em geral, só funcionam quando há um ambiente sem maiores distrações ou estressores;
— o comportamento do dono tende a ser um fator importante, já que os pets leem a linguagem corporal, e não a verbal. Tentar fazer carinho e falar com o pet na hora do estresse, em geral, não dá bons resultados e pode até criar traumas, associando o evento ao comportamento. O ideal é focar no planejamento e preparar planos de emergência.