Quando vemos hoje as imagens do telescópio espacial Hubble, lançado pela NASA em 1990, temos a certeza de que somos uma poeira no vasto e deslumbrante Universo. Essas imagens nos fazem repensar toda a nossa história e refletir, principalmente, sobre o nosso futuro (daqui a alguns milhões de anos, com certeza, uma estrela…). Mas, até lá, tentaremos sobreviver e nos transformar.
Com o aumento da população e a busca por conforto, segurança, bem-estar etc., exploramos e sugamos os recursos naturais possíveis; assim, desgastamos a única fonte de energia, a natureza. O que devemos mudar e como nos comportar diante do maior desafio da humanidade, conviver com a natureza, o avanço da tecnologia e o aumento demográfico?
Como será o futuro da casa nesse contexto? Para uma mudança, o design é fundamental, já que define funcionalidade e dá sentido aos ambientes. Desde as primeiras casas, buscamos, além do teto e da proteção, o design do conforto, que trouxe a sofisticação e sensibilidade, interligados à intelectualidade.
Por ser criativo, o ser humano pode imaginar que, no futuro, vai encontrar um novo caminho em total harmonia e respeito com a natureza. Talvez até seja uma volta ao morar inicial, onde tudo era feito de materiais naturais e orgânicos, só que em harmonia com o atual padrão de conforto e tecnologia. Será um novo olhar, uma nova tecnologia, entretanto com a mesma natureza, só que, desta vez, tratada com a importância e a consciência de ser essa a única fonte de vida!
Perguntamos a Sergio Zobaran, jornalista, produtor de eventos, curador de várias exposições de decoração e fundador da galeria de design Gozto no Cosme Velho, qual será o o caminho do design no futuro?
“Será o design do bem. Envolver-se com design é voltar à história universal — da Grécia ou Egito e ainda Roma. É revolver séculos, cada tempo com sua geometria e ergonometria, sua matemática e toda a estética (cariátides, pirâmides, arenas) e exemplos de desenhos criados com genialidade, esmero e lógica. O que se repete, entre altos e baixos, ao longo de toda a civilização, e eclodem no período pós-Revolução Industrial, democratizando o saber e o fazer algo que, apenas no início do século XX, ganha a alcunha/rótulo/título de arte(s) decorativa(s) e, em seguida, num exercício metódico Bauhaus, vira design – o nome consolidado a partir dos anos 50”, ensina.
E continua: “O Brasil, nesse contexto, cresce e aparece na década de 1960, aos olhos do mundo, com uma capital-design, hoje conhecida por sua identidade e excelência. O mesmo design evolui de 1960 a 2020 e, no processo, desmata, descuida, abandona ou simplesmente deixa sumir seu maior patrimônio, a natureza. Antenado com o mundo, no entanto, um Brasil de olhos abertos entende que precisa nascer uma nova consciência para usar a natureza com responsabilidade e respeito. Mas nem tudo são flores. Ou paramos de matar, ou nos matamos aos poucos, sem esperança de um futuro melhor para todos e tudo — e o design está incluído. Se, ao lado da criação e da produção, apurarmos e aprimorarmos conceitos protetores, ecológicos e sustentáveis, poderemos ter até bom desenho brasileiro no futuro — se nós, juntos, soubermos fazer e acontecer”.