Ao contrário do que muitas pessoas pensam, a Comunicação Não Violenta (CNV) não é um jeito mansinho de falar, tampouco estimula a aceitar diversos tipos de abusos em nome da empatia e da não violência.
Pelo contrário, a CNV pode empoderar as pessoas, levando-as para novos patamares de consciência, conhecimento e autoconhecimento. A partir da identificação e expressão de fatos, emoções, sentimentos, valores, necessidades humanas e pedidos claros, ajuda a posicionar-se e pôr limites de forma respeitosa.
Como assim, Marie ?
Normalmente, quando as pessoas não agem conforme esperamos, a tendência é emitirmos julgamentos e críticas, no lugar de perguntar porque elas agiram de tal ou tal maneira. Dessa maneira, costumamos ficar presos ao problema em vez de expressar como nos sentimos, o que precisamos e o que gostaríamos diferente disso.
Por exemplo, se algum colega não cumprimenta você no trabalho, você pode pensar ou dizer: “Que arrogante! Que mal- educado!” E provavelmente você vai ficar por aí remoendo, e a sua animosidade vai crescer, pois não terá se posicionado para tentar resolver essa situação. Só o terá rotulado.
Qual poderia ser uma forma mais construtiva e mais madura de lidar com essa situação ?
Uma opção seria olhar para dentro e perceber que, quando seu colega não o cumprimenta, você se sente indignado e chateado, ou ainda magoado ou revoltado, porque você precisa de respeito e consideração.
Ao invés de ficar rotulando o outro, procure se conectar com o que você sente e precisa. Isso vai lhe trazer mais autoconhecimento e, ao mesmo tempo, autoempatia.
Com isso, você poderá se sentir um pouco mais calmo, respirar fundo e perguntar-lhe por que não o cumprimentou. Depois de ouvi-lo, será mais fácil encontrar as palavras para você se fazer ouvir e compreender.
A ideia é você expressar como se sente a fim de gerar empatia e compaixão, sem agredi-lo com julgamentos. Rótulos costumam ser recebidos como críticas e colocam as pessoas na defensiva no lugar de abri-las para resolver um conflito.
Se alguém disse ou fez algo que você não gostou, pergunte para essa pessoa por que ela fez ou disse aquilo, antes de qualquer coisa. Você pode se surpreender!
Em situações mais extremas, quando estamos lidando com pessoas com transtornos de personalidade antissocial (psicopata) ou narcisista, abrir o coração expressando sentimentos e necessidades, não costuma ajudar a resolver a situação porque infelizmente, esses indivíduos são desprovidos de capacidade de empatia e compaixão. Entretanto, evitar julgamentos e rótulos continua sendo fundamental, para não estimular a violência e a agressividade.