Teve uma mão brasileira no leilão que vendeu por 103 milhões de dólares a medalha do prêmio Nobel da Paz de 2021, do jornalista russo Dmitry Muratov, na última segunda-feira (20/06), em Nova York: o carioca Cristiano Bierrenbach, 49 anos. Ele é vice-presidente executivo e um dos seis sócios da Heritage Auctions, casa de leilões com sede em Dallas, que realizou a venda.
Cristiano conta que o trabalho já começou há três meses, quando Muratov falou em entrevistas sobre a ideia de leiloar a medalha para os refugiados da Ucrânia. Depois de conseguir a confiança do jornalista para a venda, Cristiano foi à Europa tomar posse da medalha e garantir que ela poderia ser exportada e entrar nos EUA. Em seguida, começou a negociação com quem poderia receber e fazer um plano de aplicação do dinheiro. Depois de muita negociação, foi escolhido o escritório da UNICEF em Zurique, na Suiça.
Até três semanas antes do leilão, a Heritage Auctions acreditava que poderia arrecadar em volta de 4 milhões de dólares, com base em outros leilões de medalhas do Prêmio Nobel. Até que, há uma semana, começou uma movimentação de grandes empresários e filantropos europeus, que formaram um grupo e dois dias antes da data marcada para o leilão, apresentaram o lance de 100 milhões de francos suíços.
O passo seguinte foi a verificação da origem do dinheiro. Duas horas antes de o leilão começar — meio-dia na Europa, seis da tarde em Nova York —, um funcionário da Heritage Auctions na Europa estava dentro de uma agência do banco UBS em Zurique, esperando o banco assinar um cheque administrativo, para que a venda pudesse começar. Com o ok do funcionário, o lance foi dado. “Bom poder ter uma pequena participação numa história como essa. É uma sensação de que a vida está valendo para alguma coisa. Foi histórico!”, diz ele, que nasceu no Rio em 1973, e mora há anos nos EUA.