O biólogo Mario Moscatelli alerta, nesta terça (19/04), a dois dias do carnaval, ou seja, cidade lotada e sol a pino, que a praia da Barra está tomada por gigogas, segundo estima, mais ou menos 70 toneladas. Há cinco dias, Moscatelli chamou atenção das autoridades para o volume dessas plantas, que proliferam em águas poluídas por esgotos domésticos, que deveriam ser coletadas por uma máquina que fica na ecobarreira do Itanhangá, administrada pelo Inea (Instituto Estadual do Ambiente). Mario descobriu que o piso de concreto onde ficava a tal máquina estava afundando e, enquanto o cimento novo não seca, o processo fica inoperante. A coluna entrou em contato com o Inea, que informou que a ecobarreira foi cortada em várias partes, propositalmente, por algum barco impedido de passar ali.
“Uma outra temeridade foi deixar a ecobarreira sem um sistema alternativo para coletar. A remoção periódica é essencial para que não ocupe completamente a superfície da água. E, junto com as gigogas, foram liberadas grandes quantidades de lixo que a população continua jogando nas lagoas. É um quadro apocalíptico cultural onde todo mundo diz que ama a natureza, mas todo mundo só quer usar até acabar”, diz Mario.
Além do dano ambiental visível, o que vai para o ralo é também o seu, o meu, o nosso dinheiro com medidas da Prefeitura para remediar o que poderia ser evitado. “Agora resta ao rabecão ambiental (apelido de Mario para a Comlub) juntar esse lixo todo na praia. O que a gente precisa é responsabilizar quem gerou esse impacto para que isso não se repita. Se as autoridades tivessem levado em conta o que falei na semana passada, poderíamos ter economizado muito dinheiro”, diz.
E continua: “Temos que cobrar qualidade dos serviços do governo estadual e municipal e parte cabe também ao cidadão, que não jogue lixo por aí. E evitem o contato com a areia na praia que tiver gigoga, porque ela é malcheirosa cheirosa e está vindo de áreas contaminadas por esgoto.”
A resposta do Inea à coluna: “O Inea informa que, nesta terça (19/04), a ecobarreira do Itanhangá, na Barra, foi danificada de forma proposital: a estrutura foi cortada em várias partes. Por isso, os resíduos flutuantes e gigogas acabaram vazando das Lagoas da Barra da Tijuca para a praia. Uma equipe do órgão ambiental estadual está trabalhando para recompor a ecobarreira e o serviço está previsto para ser concluído ainda hoje. O Inea vai apoiar a Comlurb no recolhimento das plantas aquáticas que estão espalhadas na beira da praia”.