Durante a pandemia, o compositor Abel Silva — com gravações suas por Elis Regina, Gal Costa, Moraes Moreira e Nara Leão — escreveu 72 poemas que foram parar no seu 22º livro, “O caderno vermelho das manhãs”, com lançamento neste sábado (30/04), na padaria Século XX, no Horto.
Mas numa padaria? “Não gosto da formalidade e fico ansioso vendo a fila grande. Prefiro interagir e convidar os amigos que me prestigiam para recitar alguns versos”, diz ele, que deu o nome de “pão e poesia” ao lançamento no lugar onde bate ponto semanalmente, para uma prosa com o dono, Armando Ascenção.
Abel também fez uma playlist com músicas de sua autoria na voz de Simone, Leila Pinheiro, Zé Renato, Belchior e Gal Costa, entre outros.
O medo e o tempo deram o tom para o novo livro, já que ele ficou sem ver ninguém, alguns amigos, como Aldir Blanc e Moraes Moreira, que morreram. “Escrever um livro em meio a uma pandemia é um trabalho na mira do punhal da imprevisibilidade, no balanço da corda estendida sobre o buraco negro do medo”. Assim que o Jardim Botânico foi liberado, Abel usou o parque para caminhar e buscar inspiração.