Sempre me perguntaram muito sobre como comecei a trabalhar com música, como conheci as pessoas certas e curiosidades sobre o que acontece nos bastidores. Mas eu estava sempre a mil, produzindo novos shows. Com a pandemia, o setor deu uma parada, e aproveitei esse momento para colocar no papel todas essas memórias — meu filho Luiz Guilherme, que é meu sócio hoje, me cobrava isso há tempos. E assim chegamos ao “Memórias do Rock”, escrito com a colaboração do jornalista Antônio Carlos Miguel e editado pela Francisco Alves.
Dia 9 de março foi o lançamento, na Livraria da Travessa. Num primeiro momento, a pergunta: “quem será que vai?”. Só sei que me sentei às 19h para começar a assinar os primeiros livros… e quando me levantei, já passavam das 23h. Revi grande parte da minha história pessoal e da minha carreira em cada abraço de todos que foram. Não só da minha história — mas grandes profissionais que fazem a história da música e da produção nesse país estavam lá.
Só mesmo quem trabalha com produção de grandes eventos sabe o grau de emoção e adrenalina que temperam o dia a dia, ao mesmo tempo em que enlouquece, porque nem sempre tudo sai exatamente como a gente esperava, é um trabalho apaixonante.
Quando fui estudar inglês nos Estados Unidos, com 18 anos, minha agenda era toda pautada para assistir, ao máximo possível, a shows e festivais. Minha maior lembrança é o concerto beneficente SF Snack, para angariar verbas para atividades extras das escolas, já que a prefeitura local havia feito cortes nesse orçamento. No palco, só grandes nomes, como Bob Dylan, Neil Young e Santana e mais uma lista enorme Mais de 60 mil pessoas compraram ingresso. Fiquei impressionado. Ali eu entendi o poder da música e dos grandes concertos para a mobilização da sociedade — mais do que diversão, a música ali era a voz das pessoas chamando para ação. Bem…. depois dessa repercussão, a prefeitura anunciou na semana a revisão do orçamento e cancelou o corte de verba… E os US$ 200 mil arrecadados foram doados para outras causas.
Um artista protagonista de algumas histórias do livro — e de extrema importância na minha trajetória — é Paul McCartney. Com ele vivi todas as possíveis emoções que o coração do ser humano pode aguentar.
Em 1989, recebi uma ligação com a seguinte pergunta: “Você tem interesse em fazer um show de Paul McCartney no Brasil?” E assim começou minha história com o eterno Beatle. Muitos altos e baixos, mais de 1.500.000 ingressos.
Não vou contar aqui todos os detalhes dos mil entraves, mas vou relembrar apenas uma coisa: no meio da produção para a primeira vinda de Paul ao Brasil, aconteceu o Plano Collor. Mas quando a gente lembra o Maracanã lotado com 184 mil pessoas, na noite de 21 de abril, entrando para Guiness Book of Records, todas essas dificuldades ficam menores.
O mundo já começa a voltar, e os projetos se tornando realidade. O próximo desafio acontece em maio: o “Festival MITA — Music is the Answer”. Espero você lá!
Luiz Oscar Niemeyer é produtor de eventos e trouxe o ex-beatle Paul McCartney 26 vezes ao Brasil, além de ser criador do Hollywood Rock e um dos principais executivos do Rock in Rio I (1985). Ele acaba de lançar “Memórias do Rock” (editora Francisco Alves), contando a história dos mais de 40 anos de carreira. Luiz (filho e irmão de dois grandes neurocirurgiões, Paulo Niemeyer e Paulo Niemeyer Filho) criou a Planmusic em 2006 e trouxe ao Brasil nomes como Elton John, Bob Dylan, Paul Simon e Rolling Stones. No ano passado, ele fundou a Bonus Track Entretenimento.