Será que a violência é inerente ao ser humano? Se for o caso, seria utópico imaginar ou sonhar com um mundo sem violência?
Segundo o psicólogo americano Marshall Rosenberg — o pai da Comunicação Não Violenta (CNV) — a natureza do ser humano é verdadeiramente compassiva, e a violência teria suas raízes na cultura de dominação.
Quando comecei a me aprofundar nesse assunto, há mais de uma década, essa segunda premissa ainda não tinha tomado toda a sua dimensão em termos de clareza e compreensão na minha mente. À época, eu ainda não tinha muito conhecimento sobre os transtornos de personalidade.
Foi depois de me libertar de uma experiência assustadora com uma mulher — que eu identifiquei alguns meses depois como sendo uma perversa narcisista —, que resolvi estudar para entender esse tipo de perfil e o que podia levar uma pessoa a ter comportamentos tão destrutivos em seus relacionamentos. Esse conhecimento foi mais um divisor de águas na minha vida e nos meus relacionamentos, além da CNV e da Teoria do Triângulo Dramático de Karpman. Se eu não soubesse identificar esse tipo de transtorno, aquela relação poderia ter sido altamente destrutiva e deixado sequelas e consequências graves na minha vida, tanto pessoal como profissional.
Segundo Andrew Skodol, médico na Universidade de Arizona, os transtornos de personalidade são caracterizados por “padrões generalizados e persistentes de perceber, reagir e se relacionar que causam sofrimento significativo ou comprometimento funcional. É por esse motivo que muitas pessoas sofrem em determinados relacionamentos, sem entender exatamente por que e não saber como lidar ou se libertar. E a questão se torna ainda mais complexa quando se trata de um relacionamento familiar ou amoroso — pode ser extremamente delicada também quando se trata de um chefe.
Como romper laços familiares com uma mãe ou um pai psicopata que usa e abusa de todas as estratégias de manipulação para humilhar, subjugar e manter o controle? Mentiras, má-fé, perseguição, ameaças, vitimização, chantagem emocional…. tudo vale para fazer o outro sofrer, inclusive os próprios filhos.
Como lidar com uma irmã ou um tio narcisista que têm prazer em diminuir o seu brilho e estragar os seus momentos de felicidade com comentários passivo-agressivos, irônicos, constrangedores e destrutivos, principalmente nas festas e comemorações de família? Frases expressadas na frente de todo mundo, como:
— “Uauu! Como você está linda nesse vestido! Parece a Gisele Bundchen, só que com 20 quilos a mais e 20 centímetros a menos!”
Como lidar com um chefe controlador que não lhe dá autonomia nem reconhecimento e ainda assina o que você faz para ele com o nome dele, levando os créditos pelos trabalhos que você realiza?
Todos nós temos traços de personalidade que formam nossos padrões de comportamento — através da nossa maneira de pensar, perceber, reagir e nos relacionarmos — e permanecem relativamente estáveis ao longo dos anos. Quando esses traços se tornam tão pronunciados, rígidos e mal-adaptativos que prejudicam o trabalho e/ou funcionamento interpessoal, podemos falar de transtorno de personalidade (por exemplo, antissocial, borderline, narcisista…).
O Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, quinta edição (DSM-5), lista dez tipos de transtornos de personalidade:
Paranoide
Esquizoide
Esquizotípico
Antissocial (psicopatas)
Borderline
Histriônico
Narcisista
Esquivo
Dependente
Obsessivo-compulsivo
Conhecer um mínimo sobre esses perfis pode ajudá-lo(a) a preservar o seu bem mais precioso: a sua saúde física, mental e emocional. Você poderá economizar tempo e energia, evitando desgastar-se com personalidades cujo comportamento costuma ser altamente tóxico, independentemente do que você faz.
Os especialistas dizem que as pessoas psicopatas, por exemplo, já nascem com uma deficiência de empatia e não demonstram a capacidade de mudar. Só sabem relacionar-se dominando e utilizando o outro como se fosse um objeto para satisfazer as suas necessidades. Saber como identificá-las e como lidar é nossa única defesa.
Se tiver um pouquinho de curiosidade e quiser uma dica de leitura bem acessível e fácil de entender, recomendo o livro “Psicopatas do Cotidiano”, da psiquiatra Katia Mecler. Achei leve e muito esclarecedor.
Boa semana e boa leitura!