Churchill, um ultraconservador e ferrenho anticomunista, foi criticado por seus opositores ao assinar um acordo com Stalin, durante a II Guerra Mundial, para frear o avanço dos alemães. Questionado, declarou: “Se Hitler invadisse o inferno, eu faria pelo menos uma moção favorável ao diabo na Câmara dos Deputados”. Ou seja, contra o Nazismo, não há condescendência, não há tolerância, não há meio-termo. Não se discute contra quem prega o extermínio, a limpeza étnica, a pureza da raça. A democracia e a liberdade de expressão pressupõem o contraditório entre as partes. Quando uma das partes prega o aniquilamento físico da outra, a democracia e a liberdade deixam de existir.
Portanto, o festival de estupidez de um suposto bêbado, claramente inculto, que jamais deve ter aberto um livro de História (ou mesmo de qualquer assunto) e de um deputado dito “liberal”, um idiota que faz a apologia de um partido nazista deve ser combatido sem concessões ou clemência.
Aqui, neste blog, já me manifestei, como judeu, diante do discurso de um antigo secretário de Cultura (Roberto Alvim) do atual governo, com tintura e conteúdo nazistas.
Hoje não falo apenas como judeu, filho de imigrantes sobreviventes do Holocausto — falo como brasileiro e cidadão do mundo, um mundo que guarda cicatrizes de uma barbárie que não deve ser jamais esquecida, ao contrário. A lembrança é essencial para o combate ao posicionamento criminoso desses dois energúmenos que envergonham a humanidade.
Nossas crianças precisam conhecer o que foi o horror das guerras e o horror do Holocausto, para que, em nossa sociedade, nunca sejamos ameaçados pela apologia do que nunca foi uma ideologia ou um partido político, e sim uma política de extermínio de seres humanos. A liberdade tende a ser infinita, enquanto não atentar contra a vida.
Que esses dois párias da humanidade sejam adequadamente punidos, na forma da lei. Nazismo, nunca mais!
David Zylbersztajn é engenheiro, doutor em Economia, professor da PUC-RJ, foi secretário de Energia do Governo de São Paulo e o primeiro diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo.