Em sua 11ª edição, a Festa Literária das Periferias (Flup) começou, nesta sexta (11/02), com uma homenagem ao congolês Moïse Kabahambe, barbaramente assassinato no dia 24 de janeiro. O rapper congolês Santana Pax, primo de Moïse, recitou versos em francês destacando o nome de Pixinguinha, o homenageado da edição, cujo tema é “100 anos de modernismo negro”.
Uma cadeira vazia intencionalmente foi reservada para Moïse. “Que sua força, sua arte e seu Congo sejam louvados”, disse Dani Salles (viúva de Ecio Salles, criador da Flup, que morreu em 2019), porta-voz da Flup que, junto com o artista plástico Márcio Januário, fez a cerimônia de abertura no Museu de Arte do Rio (MAR).
“A Flup aponta caminhos que são muito importantes para o Rio, que mostra o quão está preparado para receber grandes eventos de volta — ainda mais neste momento de desmonte da cultura por parte do governo federal. A gente cria política pública robusta, mas quem realiza é a sociedade civil”, disse Marcus Faustini, secretário de Cultura. Marcelo Vianna, neto de Pixinguinha, também estava lá e anunciou uma turnê ao lado de Henrique Cazes, reunindo 50 composições inéditas do avô, começando por São Paulo, em março, e depois Rio e outras cidades. O projeto vai virar vários álbuns.
Amigo de Pixinguinha desde os anos 50, o produtor cultural e diretor Haroldo Costa, 91, falou sobre a importância do autor de “Carinhoso” em palestra que fez homenagem ao modernismo negro e terminaram o papo cantando um trecho da famosa música.
A Flup vai ganhar sua primeira edição fora do Rio, em Mangaratiba, no fim do ano, lugar que chegou a ser o maior porto escravagista do Brasil.