Se, antes da abertura da buraco no meio da Marginal Tietê, em São Paulo, os moradores da Gávea já estavam apavorados com a obra do metrô, parada desde 2015, agora virou um assombro. Em SP, o laudo sobre o desabamento de terra e asfalto na cratera ainda não foi finalizado, mas técnicos acreditam ter sido causado pela trepidação do tatuzão (o trator de escavação, em ação desde dezembro passado), além do grande volume de água das chuvas na cidade, nos últimos dias.
Nos grupos do bairro, os moradores estão apavorados, e o assunto sobre as obras da Linha 4 voltou com tudo. Juntando a isso o ano eleitoral, o presidente da Associação de Moradores da Gávea (Amagávea), René Hasenclever, informou que está agendando um novo encontro com o governador Cláudio Castro.
O movimento “Anda Metrô Gávea”, criado no ano passado por associações de moradores junto à Concessionária Rio Barra (CRB), intensificou a divulgação do seu abaixo-assinado, com argumentos para sensibilizar o Governo do estado a concluir a obra. A situação atual é de 43% dos trabalhos prontos. Desde então, a estação está inundada com 36 milhões de litros d’água, uma solução de engenharia para evitar riscos à sua estrutura e à de prédios vizinhos, sem previsão de retomada. Em abril passado, o Governo sugeriu uma alternativa para reforçar a estrutura e, com isso, gastar mais dinheiro, e deixar a finalização mais pra frente, ou seja, o tamanho do buraco de São Paulo é nada comparado ao da Gávea.
Quem está de olho nisso é Marco Antônio Cabral, que já foi deputado federal pelo Rio e pretende ser eleito novamente em outubro. Em suas redes, ele publicou: “Espero que o acidente de ontem no metrô de SP sirva de alerta para que as autoridades não permitam que algo grave aconteça na estação Gávea do metrô do Rio. A estrutura da obra está pronta, e a estação Gávea não pode ficar inacabada, colocando em risco a vida de milhares de moradores do entorno. São 6 anos de abandono dessa obra. O sinal amarelo está ligado!”.
Foi no governo de seu pai, Sérgio Cabral, hoje condenado a 393 anos de prisão, que os trabalhos começaram, em 2013. A obra foi parada depois de denúncias de superfaturamento em um esquema de propinas que teria beneficiado o ex-governador, de acordo com a força-tarefa da Lava-Jato. Segundo o Tribunal de Contas do Estado (TCE), R$ 3,7 bilhões (valores atualizados) teriam sido pagos indevidamente a empreiteiras.