O arquiteto e urbanista Washington Fajardo, secretário de Planejamento Urbano do Rio, usou seu domingo (02/01) para catar lixo nas pedras do Arpoador. Ele comprou luvas, uma ferramenta daquelas que pegam objetos à distância (conhecido como mão mecânica), chapelão e partiu para a missão. Começou o trabalho pouco depois das oito da manhã e encheu um saco de lixo, segundo ele, “me dediquei a lixos pequenos, praticamente guimbas de cigarro, tampinhas, canudinhos e outras miudezas”, disse.
Ele chama atenção ainda que, mesmo com os avisos para manter o local limpo, em seis idiomas, turistas e cariocas continuam jogando todo tipo de objetos ali. “A Pedra do Arpoador é uma lixeira a céu aberto. Incrível uma pessoa, dentro de uma paisagem magnífica como essa, não ter a sensibilidade de recolher uma lata de cerveja, um saco de salgadinho, um copo plástico, canudinhos, camisinhas, guimbas de cigarro, e toda ordem de lixo incompatível com tanta natureza. Como pode alguém não se importar? Não perceber? O problema não é o governo, o presidente, o prefeito, a Comlurb. O problema é a desumanização do espaço público. A impossibilidade de reconhecer a beleza em nós mesmos, no convívio e na natureza. Uma ignorância enraizada, orgulhosa, arrogante e voraz. Uma cultura de gozo irresponsável em vez de prazer consciente. Não se trata de educação também. Não é política pública. É mais embaixo o buraco. É na alma. Desumanização acelerada. Caos bestial. Inferno no Éden. Não vá descalço. Cacos de vidro em profusão”, disse Fajardo.
O secretário fez a mesma coisa um dia depois do Natal, na mesma pedra do Arpoador, com a ajuda do vereador Pedro Duarte, como estímulo para a população.