Tomando todos os cuidados indicados pelas pessoas que de fato estudam o assunto, isto é, evitar aglomerações, usar máscara de forma permanente em todos os locais públicos, limpar frequentemente as mãos com álcool e tomar todas as vacinas recomendadas, depois de dois anos, ela me pegou.
Participei de uma reunião em espaço aberto, onde um dos participantes não usava máscara, mas que, infelizmente, aparentemente assintomático, um dia depois da reunião, encaminhou-me uma mensagem informando-me que fizera o teste e deu positivo.
Fiquei “em compasso de espera”, visto que, além de respeitar o distanciamento, eu usava máscara e utilizava álcool para as mãos. No entanto, todos os cuidados foram insuficientes para deter essa eficiente máquina de matar, que é o tal coronavírus. Afinal, parece que esse micro-organismo, mesmo mais do que simples estruturalmente, “tem cérebro” quando comparado a alguns exemplares da espécie “Homo sapiens”. Ele sabe qual é sua missão e a executa de forma exemplar. Parabéns para ele!
Não tenho dúvidas, pelo que estou sentindo nos últimos três dias, não fosse pelas três vacinas, eu estaria internado em algum hospital ou talvez morto.
A vida é feita de opções, isso é fato, só o que eu não consigo entender é como tanta gente norteia suas decisões que podem custar a própria vida ou a vida alheia, por conta do que lê ou ouve de pessoas geralmente desqualificadas tecnicamente ou movidas por interesses de natureza ideológica obtusa ou sombria!
Destaco que costumo não apenas ler e ouvir o que me agrada aos neurônios, pois essa é uma grave estratégia, quando se vive num mundo constantemente interconectado, onde qualquer um fala o que quer e pode influenciar as decisões de milhares ou milhões, sem qualquer empatia em relação às consequências que sua fala ou escrita podem gerar em termos de vida ou morte. Aliás, tecnicamente, os sociopatas não sentem empatia.
Sociopatas têm aos montes por aí. Não sentem remorso do que dizem, escrevem e geram em termos de danos aos demais. Para essa “gente” deformada mentalmente e sem cura, visto que não há tratamento de cura, apenas controle, a dor alheia não lhe causa nenhum efeito colateral, pois seu cérebro danificado estruturalmente não tem capacidade de processar esse tipo de sentimento.
Imaginem o que uma criatura dessas, em qualquer posto de comando, pode fazer, sem apresentar nenhuma empatia pela dor alheia ou qualquer controle social efetivo em relação às suas condutas?
Infelizmente, esse tipo de personalidade distorcida tem espaço preferencial em pontos de comando, visto que são eficientes em suas propostas de “se dar bem” a qualquer custo e até bem aceitos pela sociedade, que encontra, nessa gente doente, exemplos de sucesso a serem seguidos.
Não por outro motivo, estamos como estamos em termos de desigualdade social, econômica, extermínio da biodiversidade e mudanças climáticas, apenas para indicar alguns poucos exemplos, produtos diretos da ação de sociopatas e de seus seguidores não menos sociopatas.
Voltando ao eficiente vírus, o tema que deveria ser lidado estritamente sob a lógica científica, entrou numa ciranda de tolices de toda ordem, em que milhares, milhões de pessoas, aqui e no resto do mundo, sob o incipiente direito à liberdade, talvez liberdade de morrer e matar, negam-se a se vacinar, enquanto boa parte, ou todos os seus líderes e ou “influencers”, já estão vacinados “debaixo dos panos” ou quando não, têm tratamento de primeiro mundo quando ficam “dodóis”.
Vasculhamos os confins do Universo de forma cada vez mais profunda, preparamo-nos para colonizar a Lua e Marte, avanços nas mais diferentes áreas numa velocidade jamais vista na história da civilização humana e, mesmo assim, parcela significativa da população mundial ainda se mostra, de forma preocupante, arraigada ao mundo das superstições, interpretações religiosas moribundas e teorias conspiratórias de toda natureza.
Está ruim demais!
De qualquer forma, estou “apenas” me sentido atropelado por um caminhão de quatro eixos, mas tenho certeza de que a ciência, que já me salvou em 2008 (Mario teve um câncer), mais uma vez, salvou-me, em 2022.
Para os pesquisadores, que eu nunca irei conhecer pessoalmente, meu muito obrigado, desde já informando que saberei retribuir com meu trabalho os dois salvamentos fornecidos.
Mario Moscatelli é biólogo, mestre em Ecologia e especialista em gestão e recuperação de ecossistemas costeiros. É colaborador da coluna na categoria Meio Ambiente.