Na retrospectiva de 13 anos do site, o sempre polêmico e original Gerald Thomas, em entrevista em 2012:
O diretor de teatro Gerald Thomas, que mora em Londres e Nova York, pouco tem dado as caras no Brasil. Não por falta de convites; talvez, de tempo! Tem trabalhos não só por aqui como também em vários outros países, como Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos etc.
Enquanto isso, todo mundo tem sempre uma opinião sobre ele, seja pro bem, seja pro mal — muitos criticam, muitos elogiam, mas todos o conhecem! Para o Gerald, aparentemente, isso não muda absolutamente nada!
Aqui, no escritório, sempre que vamos entrevistar alguém, puxamos por um assunto novo na vida da pessoa. Perguntado à pequena equipe do “saite” o que Thomas estaria fazendo agora, para “enganchar” o “Invertida”, uma jornalista respondeu: “Pro Gerald Thomas precisa gancho?” — isso deve querer dizer alguma coisa.
Gerald pode, por exemplo, escrever um manifesto dizendo “adeus para o teatro”, em 2009 e, em 2010, fundar a Cia. London Dry Opera. Que tal? Com ele, tudo pode ou não mudar de uma hora pra outra.
E, chega: a gente sabe muito da vida de Gerald Thomas. Vamos às respostas:
UMA LOUCURA: Uma? Você tá doida? Tenho 365 loucuras e medos, um pra cada dia do ano; mas a maior delas é o de me olhar no espelho.
UMA ROUBADA: Uma roubada é receber prêmios e ser endossado pela classe média. O pior foram os Molières que ganhei e deixei cair no chão. Era tudo de gesso!
UM PORRE: Um porre é ver o mundo ficar cada dia mais idiota e mais alienado com seus bilhões de iPads, iPods, iPhones , I-isso e I-aquilo e Googling, isso e aquilo, e ninguém sabe mais nada. Ah, sim! Outro porre é a despreparação das autoridades britânicas em relação às Olimpíadas, que começam em duas semanas.
UMA FRUSTRAÇÃO: Tenho a frustração de não ter uma boa relação com algumas das mulheres com quem fui casado. Tenho ótimas com algumas, e outras, simplesmente, não me perdoam. Mas deveriam… A vida é curta.
UM APAGÃO: Sendo um viciado em Rivotril, a memória está indo embora, e…quem é você mesmo , Lu?
UMA SÍNDROME: Tenho a síndrome de achar que vou acordar e Hitler estará no poder de novo, e que estou em pleno 3º Reich, e que nada mudou. Outra síndrome é a de achar que cada avião que vejo vai de encontro a um prédio (WTC). (Gerald assistiu à tragédia americana da janela de seu apartamento)
UM INSUCESSO: Queria que o meu Presidente Obama fosse eterno. Considero a crescida do Romney nas pesquisas um fracasso pessoal.
UM IMPULSO: Dirijo por Londres à noite, de madrugada, quando não tem ninguém – me faz pensar e ouço música. Já em NY, eu ando pelas ruas e quero ouvir o som das pessoas, sentir o cheiro dos táxis e o suor do Bloomberg pelas ruas. (Sentir o cheiro dos táxis em Manhattan? A maioria fede, Gerald!)
UM MEDO: Morro de medo de morrer.
UMA IDEIA FIXA: Tenho a ideia fixa de mudar o mundo. Ingênuo eu, não? Mas essas sábias palavras me foram ditas por Julian Beck enquanto eu o dirigia na ‘Beckett Trilogy’. E foi algo que nunca esqueci.
UM DEFEITO: Quero ajudar todo mundo. Acabo ajudando e…me ferrando!
UM DESPRAZER: Desprazer são os abutres e urubus que grudam na gente porque acham que vão conseguir algo através do grude em pessoas com “ressonância” (rs).