O cineasta Murilo Salles, que ganhou o Troféu Redentor de Melhor Direção de Documentário por “Uma Baía”, do Festival do Rio 2021, fez uma crítica, de leve, ao etarismo, o preconceito por idade. “Olha como eu estou, impressionante, pareço um garoto. Aliás, vou reclamar: disseram aqui ‘viva a juventude!’. Eu sou um vovô e ainda estou aqui com tesão! Viva os vovôs!”, diz Salles, de 71 anos, em plena atividade.
O cineasta passou quatro anos descobrindo e filmando personagens que moram próximo à Baía de Guanabara e são diretamente afetados por ela – estivadores, catadores de caranguejo e mariscos, barbeiros, pedreiros e quilombolas. Editou um material de mais de sete horas e selecionou oito personagens. A estreia mundial do longa foi em outubro, na Mostra Competitiva do DOK Leipzig, na Alemanha — o mais antigo e um dos mais importantes festivais de documentário do mundo. “Esse filme é para cinema. Eu recusei muito festival online porque cinema para mim é isso aqui, esse som, essa caixa preta, e esse filme é uma homenagem a isso!”, disse Salles. O doc, que chega aos cinemas no primeiro semestre de 2022, também ganhou o Prêmio de Melhor Edição para Eva Randolph.