Às vezes, precisamos ver pra crer. Os vídeos que circularam nas redes sociais mostrando o DJ Ivis agredindo a ex-mulher, Pamella Holanda, na frente do bebê recém-nascido e de terceiros totalmente passivos, são insuportáveis. Se esses vídeos não estivessem circulando, muitas pessoas ainda não estariam acreditando na história da Pamela.
Infelizmente, a violência, muitas vezes, costuma ser minimizada e banalizada. E quando as pessoas acreditam e se importam, sentem-se impotentes e não sabem como agir, com medo de piorar a situação ou virar a próxima vítima do agressor.
Eu não gosto de ver cenas de violência nem procuro ver. Normalmente, costumo pular e me poupar de ver cenas como essas porque meu coração não aguenta. Desta vez, porém, escolhi ver para agir.
É preciso parar de permitir e de banalizar a violência doméstica. Sábado, deparei com uma página inteira no jornal mostrando dados assustadores:
⇒ Foi feito “1 chamado de emergência por violência doméstica por minuto em 2020” (alta de 16,3%);
⇒ “Cinco menores foram estupradas por hora no País”;
⇒ “Mais de 60% dos crimes de estupro e estupro de vulnerável cometidos contra crianças e adolescentes acontecem dentro de casa, e 83% são perpetrados por autores conhecidos das vítimas”;
⇒ “61% das vítimas de estupro de 1 até 13 anos“;
⇒ “40% tinham de 0 a 9 anos”;
⇒ “87% eram do sexo feminino”;
⇒ “85% foram violentadas por alguém conhecido“.
Três anos atrás, uma amiga minha foi assassinada pelo marido; eles tinham três filhos pequenos. Ela era linda e queria se separar porque não suportava mais os ataques de ciúmes dele, dentre outras coisas que ela não contava. Eu passo os detalhes do crime, que são insuportáveis.
Em 2020, 81% das mulheres vítimas de feminicídio foram mortas por companheiros ou ex-companheiros. No entanto, nem todas precisam terminar desse jeito trágico, e todos nós podemos agir e salvar vidas.
Em março do ano passado, eu postava no meu Instagram, de forma despretensiosa, alguns “Stories” sobre o ciclo da violência, também disponível no Google. Logo, uma mulher me respondeu com uma mensagem privada me dizendo que estava vivendo esse ciclo, e que não sabia como sair dele. Me pediu para não mencionar o seu nome. Ela tinha duas filhas e o marido a agredia: “Preciso sair disso antes que seja tarde demais.”
Essa frase me deixou muito preocupada e a levei muito a sério. Isso me deu a força necessária para ajudá-la. Trocamos uma série de mensagens, fiz perguntas para entender o contexto e encontrar uma maneira segura de me comunicar com ela. Mandei alguns contatos especializados em casos de violência doméstica e da delegacia.
Em menos de um mês, ela tinha encontrado a coragem de ir para a delegacia e conseguiu uma medida protetiva, impedindo o marido de se aproximar. Até hoje, trocamos mensagens e fico acompanhando a trajetória dela, que passou por dificuldades e ainda está passando, mas está bem, assim como as filhas.
O recado que eu quero passar é o seguinte: não subestime a gravidade da violência doméstica, nem o poder que você tem de fazer a diferença na vida de uma pessoa.
Boa semana e, se puder, espalhe esse texto para o maior número de pessoas. Juntos, podemos salvar vidas!