Comentários do biólogo Mario Moscatelli sobre o discurso de Jair Bolsonaro, nesta quinta (22/04), Dia da Terra, na Cúpula do Clima, evento organizado pelos Estados Unidos para tratar de ações para frear o aquecimento global. Em sua fala, o presidente se comprometeu com as ações para zerar, até 2050, as emissões dos gases de efeito estufa e acabar com o desmatamento ilegal até 2030, destacando a importância do auxílio internacional e do apoio financeiro das nações mais ricas e empresas para alcançar os objetivos. “Apesar das limitações orçamentárias do governo, determinei o fortalecimento dos órgãos ambientais, duplicando os recursos destinados às ações de fiscalização”, disse Bolsonaro.
Moscatelli: “Foi um discurso cheio de números e de boas intenções, mas que não encontram respaldo nos dois últimos anos de seu governo, com a degradação intensa. Sobram boas intenções no discurso tal como falta vontade política na prática. O discurso de palanque é de cooperação internacional e de ação nacional no sentido da gestão sustentável dos recursos naturais, como também da questão social e econômica das populações que vivem no bioma amazônico, o foco principal de toda a atenção nessa Cúpula.”
E continua: “Se a atitude do governo vai de fato mudar em consequência da pressão internacional, só o futuro dirá. O histórico recente não nos dá nenhuma certeza da efetiva vontade política de reverter essa péssima imagem do governo brasileiro em relação à sua política ambiental.”
Mario acredita que a população tem uma parcela na culpa pela degradação do meio ambiente. “Na sociedade, existe uma pequena parcela de pessoas preocupadas com a questão ambiental. A maior parte não está nem aí, a exemplo da água que vem da Estação de Tratamento do Guandu, misturada a esgoto doméstico. Se você não está preocupado com a água que você bebe, qual vai ser o próximo passo? Independentemente do que o presidente tenha falado, creio que a situação só tende a piorar, até porque acredito que não haverá recursos provenientes do exterior para um governo que não tem demonstrado vontade política para combater a degradação e, portanto, essa história toda vai morrer diante de alguma nova tragédia que vai acontecer no País ou aqui no Rio. Nós somos os culpados, nós elegemos essa gente.”