Na bucólica Fonte da Saudade, na Lagoa Rodrigo de Freitas, encontrei esse surpreendente edifício modernista na Rua Almirante Guillobel, n° 26.
Batizado de Borba Gato em homenagem ao bandeirante Manoel Borba Gato (1649-1718), assim como o nome da construtora que o ergueu em 1955. Projetado por Flávio Penteado Parkinson, com quatro andares e 15 apartamentos de três quartos, tem cerca de 130 m2.
Originalmente, sua portaria era toda aberta e, em frente à porta de entrada, havia uma piscina com o pilar principal do prédio, à época, em forma de V, em seu interior. A piscina deixou de existir há muitos anos.
A única unidade com metragem dupla do Borba Gato pertenceu ao senador Palmeira, pai de Vladimir Palmeira. Em seu leito de morte, recebeu seu filho, então detido, com uma escolta de policiais do Exército.
As chuvas no verão de 1967 provocaram vários desastres no Rio. Um deles aconteceu nessa região da Lagoa, onde ocorreu, no morro dos Cabritos, um grande desmoronamento de terra causado pelo volume atípico de água que desceu do morro. Os moradores passaram esse verão descendo para a portaria, em noites chuvosas, com medo de desastres.
O Edifício Borba Gato ficou interditado por um ano, com policiais à porta, proibindo qualquer acesso aos apartamentos. A liberação só se deu depois que a Prefeitura fez de uma obra de contenção.
O grande destaque dessa construção é a sua fachada principal com cobogós vermelhos, que favorecem a ventilação e a luz nos cômodos. Na década de 1950, os quadrados centrais não tinham esquadrias de alumínio — eram abertos e totalmente raros.