Pequenas coisas podem causar enormes transtornos. Ainda que aconteçam, podem obrigar a repensar, a transformar; o incômodo é o traço permanente. Para mostrar esse jogo, essa instabilidade da vida, o espetáculo “Insetos” vai compor um painel, a partir de 12 quadros nos quais os insetos são, ao mesmo tempo, metáfora e metonímia do tempo em que vivemos.
Com texto original de Jô Bilac, adaptado pela Cia. dos Atores e pelo diretor Rodrigo Portella, a montagem traz quatro fundadores da companhia no elenco: César Augusto, Gustavo Gasparani, Marcelo Olinto e Susana Ribeiro. Os atores, sem caricatura alguma, humanizam, de forma emocionante, cigarra, gafanhoto, barata, louva-a-deus, besouro, mariposa, borboleta, mosquito, cupim e formiga, dentre outros, personagens e narradores ao mesmo tempo
Alternância de poder, submissão, revolta, destruição, sobrevivência são explicitados no texto e na ação. Sem didatismo, a fábula cresce, pois não há também preocupação com a lição e com a moral. Os atores vão se transmudando em bichos falantes para mostrar a força motriz da natureza. “Queremos usar desequilíbrios da natureza como espelho da sociedade”, comenta César Augusto.
O cenário do espetáculo, assinado por Beli Araújo e César Augusto, é repleto de pneus, criando diferentes quadros para as cenas; eles representam a própria destruição. O significado do que era móvel, agora, é incapaz de seguir, e os figurinos de Marcelo Olinto fazem referência ao que entendemos como insetos: pequenos seres que nos aborrecem, assim como as mazelas de nosso cotidiano.
Serviço:
espetaculosonline.com