Nos números 161, 163 e 165 da movimentada Rua da Passagem, em Botafogo, foi construído, em 1932, um oásis de tranquilidade, chamado Bairro Abrunhosa.
São 50 casas geminadas, erguidas por Emygdio Teixeira a mando de um português chamado Manoel Abrunhosa, formando uma vila tombada pelo Patrimônio Cultural Municipal do Rio em 1987. As 50 casas geminadas e contínuas, originalmente de dois pavimentos, são, até hoje, revestidas em pó de pedra e com janelas marrons.
O térreo é uma residência, e o segundo andar, outra; daí, as portas lado a lado nas fachadas. Quase todos os moradores de cima fizeram terraços ou outros cômodos no terceiro andar. Na década de 1930, os imóveis eram compostos por sala, banheiro, uma pequena cozinha e dois quartos, numa área de mais ou menos 80 m2. No passado, o acesso à vila era aberto a todos, e as grades da frente não existiam. Nos fundos, há um grande terreno, que foi uma oficina mecânica um dia, usado como estacionamento pelos moradores.
O lugar também conta com uma quadra para as crianças e uma churrasqueira. O valor do condomínio não chega a R$ 500 por mês. Atualmente, uma casa está à venda por R$ 840 mil — é o preço para morar num lugar tão exclusivo e raro de ser visto no Rio.
Em 1964, essa vila foi a locação principal do filme “O Beijo”, baseado na peça de Nelson Rodrigues “O Beijo no Asfalto”, dirigido por Flávio Tambellini. O casal de protagonistas, Arandir (curiosamente, um arquiteto) e Selminha, interpretados por Reginaldo Faria e Nelly Martins, vivem numa das casas do Abrunhosa. A imagem em preto e branco dessa matéria foi retirada do filme de 56 anos atrás.”