“Amor na Vitrine” é meu 13º livro sobre relacionamento amoroso. Nele, reúno questões ligadas ao que ouvi ao longo de 46 anos no atendimento em terapia individual e de casal no consultório durante esse tempo e as várias pesquisas e estudos que fiz sobre o tema. A ideia é contribuir para que as pessoas reflitam sobre crenças e valores aprendidos e se livrem do moralismo e dos preconceitos para viver melhor.
Abaixo, trechos do livro que dão uma ideia da minha proposta.
Sem autonomia e liberdade
O condicionamento cultural a que estamos submetidos impede a autonomia e a liberdade de escolha quando indica apenas um caminho para o amor. A crença de que uma relação amorosa estável e duradoura com uma só pessoa seja a única saída para o desamparo humano é limitadora e gera, em muitos casos, infelicidade.
Marionetes
Os valores de uma sociedade são, na maioria das vezes, tão imperiosos que determinam até os desejos. Não questioná-los é permitir sua influência autoritária. É abrir mão da autonomia e, impotentes, deixar-se manipular como marionetes. No entanto, no momento em que os modelos de amor, casamento e sexo tornaram-se insatisfatórios, abriu-se espaço para novas experimentações no relacionamento afetivo-sexual. E é exatamente o que algumas pessoas já começaram a fazer.
Só duas perguntas
A grande preocupação das pessoas é quanto à exclusividade do parceiro(a); entretanto, quando a “fidelidade” não é natural nem a renúncia, gratuita, o preço torna-se muito alto para a relação. Ninguém deveria preocupar-se se o parceiro transa ou não com outra pessoa. Homens e mulheres só deveriam se preocupar em responder a duas perguntas a si próprios: 1. Sinto-me amado (a)?; 2. Sinto-me desejado (a)? Se a resposta for “sim” para as duas, o que o outro faz quando não está comigo não me diz respeito. Não tenho dúvida de que é uma forma bem mais inteligente de viver, mesmo porque ninguém controla ninguém.
Reformulações no casamento
O modelo de casamento que conhecemos dá sinais de que será radicalmente modificado. A insatisfação, na vida a dois da grande maioria dos casais, impulsiona as mudanças. Entretanto, acredito que um casamento pode vir a ser ótimo, mas, para isso, as pessoas precisam reformular as expectativas que alimentam a respeito da vida a dois. É fundamental que haja respeito total ao outro, ao seu jeito de ser e de pensar, às suas escolhas; liberdade de ir e vir, ter amigos em separado e programas independentes e, principalmente, não haver controle de qualquer aspecto da vida do parceiro, caso contrário, as relações, com o tempo, tornam-se profundamente insatisfatórias.
O maior desafio vivido pelos casais
Atendo, no consultório, há 46 anos, em terapia individual e de casal. De aproximadamente cinco anos para cá, passei a receber casais trazendo novos conflitos, que ocorrem porque uma das partes propõe a abertura da relação — partir para uma relação não monogâmica: relações livres, poliamor, amor a três. A outra parte se desespera com essa possibilidade; sente-se desrespeitada, não amada. Muitos vivem grandes conflitos nesse período de transição entre antigos e novos valores.
Regina Navarro Lins é psicóloga-psicanalista e escritora, ex-professora de Psicologia da PUC-Rio. Foi colunista de diversos jornais e apresentou programas de rádio. Foi também comentarista da GloboNews e é a especialista do programa Amor&Sexo, da TV Globo. Em várias cidades do País, faz palestras sobre relacionamentos amorosos e já publicou 13 livros sobre o tema, entre os quais, os best sellers “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e “Novas Formas de Amar”. Nesta quinta (05/11), “Amor na Vitrine”, no Instagram @reginanavarrolins.