Em um futuro mais inteligente e abrangente, tudo indica que o talento será o fator primordial para o interesse e o desenvolvimento produtivo em qualquer situação — de um profissional de qualquer área, de um espaço, de um design ou, até mesmo, de um objeto.
O foco será a aptidão intangível, que provoca em nós uma sensação de bem-estar, segurança e felicidade ao olhar um objeto, viver em um ambiente ou ouvir um profissional. Definir talento é difícil, mas sabemos, instantaneamente, quando nos sentimos confortáveis com o que nos é oferecido.
Perceber isso em profissionais é muito mais fácil, mas existem espaços e objetos que foram criados em circunstâncias tão positivas e favoráveis, que possuem um talento nato. Geralmente isso nos impulsiona a nos sentirmos bem e querermos estar naquele lugar e ter aquele objeto (com certeza, vem daí a expressão “objeto do desejo”).
A proporção também é sinônimo de harmonia; ter o controle sobre a proporção é um dos caminhos mais importantes para alcançar o equilíbrio e, assim, expressar o talento de qualquer criação. Em tudo que criamos, deixamos uma marca e, geralmente, proporcionamos uma sensação de verdade, bem-estar, ou uma totalmente oposta.
No futuro inteligente e objetivo, estaremos muito mais atentos e exigentes quanto ao talento, à verdade e à alma de cada situação.
Perguntamos a Paloma Danemberg, da ad.studio, no Leblon, que tem apenas “objetos com alma”, qual a sensação que define um espaço ou um objeto com talento:
“Acredito que o talento seja o resultado de tudo aquilo que se faz com verdade, profundidade e dedicação. Minha relação com os móveis antigos (além de uma relação observada e herdada pela família) me toca, pois identifico neles uma vida anterior que se perpetua. Vejo neles resquícios de outros tempos que me fazem viajar, pensar e imaginar. Para mim, a alma é isto: o transportar das emoções, o que verdadeiramente me emociona. A vida é repleta de novos rumos, de mudanças esperadas ou não. Nossa casa nos acompanha, observa nosso ritmo, modifica-se para nos acolher, assim como nossos móveis. E é sob essa ótica que sempre instigo minha criatividade a fazer com que minha casa, meus móveis, objetos e até minhas roupas ganhem novos olhares e funções. Acredito que a adaptação e a ressignificação sejam talentos que deveríamos sempre nutrir, conservar”.