O médico Fabio Barbirato, há 22 anos à frente do setor de Psiquiatria da Infância da Santa Casa de Misericórdia, no Centro, vai abrir, em agosto, o Ambulatório de Psiquiatria da Infância e Adolescência Pós-Covid para enfrentar a “quarta onda” da pandemia, que foi identificada pelo pneumologista Victor Tseng, do Emory University Hospital, em Atlanta (EUA), com o aumento das doenças mentais. A Organização Mundial da Saúde (OMS) deu o alerta de uma crise de saúde mental em todo o Planeta, ainda no fim de maio.
O novo serviço vai atender meninas e meninos (entre 10 e 16 anos) que tenham apresentado depressão, ansiedade ou transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), piorados ou gerados pelos medos da doença e isolamento social. “Nunca se viveu nada parecido. Mesmo quando houve a Grande Gripe, as crianças e adolescentes não tinham a informação de hoje. O acesso à Internet e às notícias faz com que elas participem ativamente e sintam todo este momento atípico que estamos vivendo”, explica Barbirato.
A “quarta onda da pandemia” começou a surgir com a retomada de uma rotina, que ficou alterada depois de mais 100 dias com crianças e adolescentes longe das escolas e afastados do convívio dos amigos e familiares. “O mais comum é que as crianças queiram voltar à vida normal depois de um longo período de isolamento. Mas se o seu filho se recusa a sair por causa da doença, tem medo que os pais fiquem doentes, fica muito tempo deitado, quieto, tudo isso pode ser sinal de que ele não está bem. As famílias devem ter muito cuidado também para não serem modelos reforçadores desse medo”, completa o psiquiatra.