Estou ligada à Educação e Cultura desde os meus 30 anos e acredito ser, através delas, a única forma de um país crescer. Sempre olhei para os três vértices: aprender, ensinar, ler sem parar. Assim, estudei no Atelier de Gravura do MAM-RJ, dirigido por Edith Behring, sendo meu professor Walter Marques, de 1963 a 1969. Mais tarde, tive o prazer de lá lecionar, entre 1983 e 1986.
Em Londres, estudei no Croydon College of Art, em 1974, com bolsa do British Council, que me permitiu trazer e disseminar a fotogravura no Brasil. Com o prêmio de viagem ao exterior do Salão Nacional de Arte Moderna, em 1976, pude estudar, na University of New Mexico, litografia com Garo Antreasian, 1977, no New School for Social Research, gravura em metal com Roberto De Lamonica, 1978 e no Pratt Institute, New York, fotogravura com Margot Lovejoy, 1978. Essa foi a base para ensinar gravura na PUC-RJ, no Departamento de Artes e Design, durante 45 anos. Fui ainda diretora do Centro de Artes Calouste Gulbenkian por mais de 8 anos, gerando oportunidades para mais de mil alunos de baixa renda.
Aos 92 anos, não podia imaginar ainda viver esta terrível pandemia, incrementada por uma gestão de um presidente irresponsável, que não escuta médicos e cientistas, presenciar a destruição da Cultura, essencial a qualquer país, e ver um diretor da FUNARTE ofender Fernanda Montenegro, a maior artista brasileira. Que país é este? Um país sem educação e saúde. Vejo, governo após governo, sempre relegadas, exceto por pequenas tentativas, como a de Darcy Ribeiro, com sua proposta dos CIEPS, mas sem continuidade. Entra novo político e se desvia para outros caminho; um faz, o outro destrói em sequência. E o País vai sucumbindo aos seus políticos, com outros interesses que nunca são o bem do País. Triste sina.
Sou carioca e às vezes não consigo acreditar na decadência da minha cidade e do Estado do Rio de Janeiro — governadores presos, corrupção para todo lado. Quando adolescente, eu e meus irmãos passávamos férias na fazenda de meu avô, em Paraíba do Sul. Ao cruzar por Petrópolis, meu pai nos mostrava a casa do escritor Stefan Zweig, autor do livro “Brasil — País do futuro”. Meu pai então dizia: “Esse será o país de vocês.” Que pena! Não foi para mim, mas talvez possa ainda ser para meus netos e futuros bisnetos. Que seja digno, com educação, saúde, cultura, ética e honestidade.
A leitura sempre foi minha vida, e receber do poeta maior Carlos Drummond de Andrade uma poesia foi o maior reconhecimento. Outros detalhes e imagens do meu trabalho, prêmios e exposições em www.therezamiranda.com.br ou no Instagram, @therezamirandaartistaplastica.
Thereza Miranda é desenhista, pintora, gravadora e professora, artista plástica reconhecida e premiada. Em julho de 2008 foi homenageada com uma grande retrospectiva de sua obra, quando completou 80 anos: “Impressões”.