Moro na Gávea a vida inteira, mas o Leblon é o bairro que mais frequento: a praia, os restaurantes, academia, supermercado… Até que abri minha loja (Maria Manuela) há 15 anos, na Rua Dias Ferreira; desde então, minha frequência no bairro ficou ainda mais assídua.
Nessa época, o Leblon estava em fase de transformação — alguns novos restaurantes começaram a surgir, prédios antigos passaram a ser procurados por novas marcas para abrirem suas lojas, o vaivém de pessoas começou a aumentar. Depois veio o Shopping Leblon e teve a chegada do metrô! Achei tudo muito bem-vindo, mas há quem não goste.
Um dos melhores programas pra mim, no verão, é sair da loja, no final da tarde, ir à praia dar um mergulho, encontrar os amigos frequentadores dos mesmos lugares (sem precisar marcar!) e terminar o dia de alma lavada, sentada num dos quiosques, tomando um vinho branco ou uma cerveja supergelada! Ai, que saudade desse tipo de programa!… Quando vai ser possível?
Conheço quase todos os porteiros, garçons, funcionários das farmácias. Foi onde estabeleci grandes amizades, como com os donos da livraria Argumento, Laura, Marcus e Eduardo; com a querida Bia, do restaurante Celeiro; Carolina, do Sushi Leblon; Diógenes, do Quadrucci; Bel, das trufas.
Tenho a sorte de ter a loja num dos predinhos mais bacanas e conviver com pessoas queridas e supercompetentes, que se mantêm firmes, mesmo com todas as dificuldades que enfrentamos agora.
Não posso deixar de falar o quanto mexeram comigo as cenas recentes no dia de reabertura dos bares! Fiquei perplexa: aglomeração, pessoas sem máscaras, sem respeito, sem noção, principalmente com os profissionais que estavam lá para servi-las. Foi triste de ver! Que comportamento mais equivocado e egoísta!
Sou otimista por natureza e ainda acho que algumas mudanças que estão acontecendo por causa da pandemia serão para um bem maior. Não acredito no “novo normal”, e sim no “novo real”. Tudo que é de verdade permanece! Quem percebeu que muitas atitudes precisavam mudar, ganhou; quem não, eu só lamento!
Depois de quatro meses de loja fechada e de quarentena em casa, estou retornando ao bairro, aos poucos, observando o movimento, a atitude das pessoas, encontrando (de longe ainda!) alguns amigos/vizinhos e torcendo pra que o Leblon volte a ser como sempre foi: acolhedor, democrático e divertido.
Manuela Noronha é apaixonada pelo Rio, tanto quanto por moda. Passou pelo estilo de Lenny Niemeyer, fez figurinos para campanhas publicitárias, assinou produções para revistas, até abrir sua própria marca: a Maria Manuela, na Dias Ferreira, que veste boa parte do “charme carioca” com uma moda autoral e atemporal.