O anúncio de uma sandália Prada, nas redes da marca italiana, viralizou no Brasil, enfurecendo muita gente. O acessório é muito parecido com as tradicionais sandálias de couro trançado feitas por artesãos do Nordeste, praticamente um patrimônio cultural nacional. O valor é de 650 euros (mais ou menos R$ 4 mil), enquanto a “priquitinha” pode ser encontrada em feiras de Pernambuco (como a famosa de Caruaru) e Ceará, a R$ 15.
Fabiana Moraes, jornalista, escritora e professora do Núcleo de Design e Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), disse: “E a Prada, que foi até Caruaru buscar umas sandálias de couro e agora tá repassando o preço da passagem no produto minha gente?”; a também jornalista Joana Oliveira, foi mais enfática: “Vixe, era caso até de os mestres do couro processarem a marca. Deu certo quando as comunidades indígenas e o governo mexicano denunciaram Carolina Herrera e a designer francesa Isabel Marant por apropriação de seus tecidos tradicionais”; a atriz Regina Casé, por exemplo, comentou no post da Prada para chamar atenção do marketing: “Da feira de Caruaru. Brasil!”; uma marca de Alagoas usou a ironia: “Oi Prada! Sei a história todinha dessa alparcata, caso precise de uma narrativa, até para dar os devidos créditos da inspiração”.
Enquanto alguns internautas sugerem até fazer uma petição para “derrubar a sandália”, outros acreditam que a publicidade espontânea só pode gerar benefícios para a cultura nordestina.