A Cinemateca Brasileira, em São Paulo, onde Regina Duarte ganharia um cargo, já descartado pelo governo Bolsonaro, vai de mal a pior. A vaquinha para os funcionários, que estão sem salário há dois meses e sem benefícios há três, arrecadou, em uma semana, R$ 51 mil, da meta de R$ 200 mil, mas a situação só piora. Segundo os funcionários, a Acerp (Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto), que gerencia o espaço desde 2018, não paga rescisão dos funcionários e tampouco houve recolhimento do FGTS desde março deste ano. “A situação é fruto de uma política do Estado para terceirizar e privatizar os serviços públicos. Uma prática aberta a administrações nada transparentes, com interferências políticas duvidosas para atender a interesses de ocasião”, diz o texto de protesto dos trabalhadores.
Além disso, a empresa que fornece manutenção da refrigeração deixou de atender à instituição nessa terça (09/06), por falta de pagamento e, sem energia, os 250 mil rolos de filmes do acervo ficam comprometidos, ou seja, mais de 120 anos de história da cultura do audiovisual. “Muito se sabe do quadro emergencial do acervo, mas pouco tem se falado sobre a situação dos trabalhadores, cuja sobrevivência também está em risco, justamente durante a pandemia da COVID-19. O limite das reservas financeiras chegou para muitos de nós, por isso decidimos recorrer a doações públicas”, diz trecho do texto dos funcionários, que se opõem a ambas opções e pedem o pagamento dos atrasados e a perspectiva de uma política de preservação e difusão que respeite a cultura brasileira em toda a sua diversidade.