A derrubada da estátua do traficante de escravos Edward Colston, em Bristol, Inglaterra, no fim de semana, em meio a protestos do movimento “Vidas negras importam”, começou uma discussão em vários países, inclusive no Brasil. Nesta terça (09/06), a estátua do Rei Leopoldo II, que ordenou o extermínio de milhões de congoleses, foi incendiada na Bélgica e deve ser colocada num museu.
Laurentino Gomes — autor dos livros “1808”, sobre a fuga da corte portuguesa para o Rio; “1822”, sobre a Independência; “1889”, sobre a Proclamação da República; e “Escravidão” — entrou na discussão nas redes sociais e levantou uma questão: “Joaquim José da Silva Xavier, o ‘Tiradentes’, herói da Inconfidência, era dono de seis escravos em 1792, quando foi enforcado. O que fazer com as estátuas dele hoje existentes no Rio e em outras cidades brasileiras? Devem ser derrubadas?”. O post tem mais de 5 mil interações, com muita gente dando opiniões contra e a favor.
No dia anterior, o escritor comentou que viu um movimento nas redes sociais pela derrubada da estátua do bandeirante Borba Gato, em São Paulo. “Sou contra. Estátuas, prédios, palácios e outros monumentos são parte do patrimônio histórico. Devem ser preservados como objetos de estudo e reflexão. Genro de Fernão Dias Paes Leme, o paulista Manuel de Borba Gato fez fama e fortuna na segunda metade do século XVIII, percorrendo os sertões brasileiros à caça de indígenas para escravizar. Era também um fugitivo da lei e contrabandista de ouro. Com 10 metros de altura e 20 toneladas, a atual estátua é feia que dói. Ainda assim, deve lá ficar. Mas, ao passar por ela, as pessoas devem saber quem foi o personagem e como foi parar no panteão dos heróis nacionais”, explicou.