As mudanças trazidas pela pandemia chegam ao dicionário. Na França, por exemplo, a palavra “deconfinement” (“desconfinamento”) foi adicionada ao popular Le Robert, em edição virtual, com a definição “levée du confinement”, em tradução livre, “contenção suspensa”. Quem chamou atenção para a curiosidade foi a professora de francês Mary Ávila, leitora da coluna.
Além dessa, outras palavras foram adicionadas ao acervo, como “geste barreire” ou “gesto de barreira”, para falar sobre os comportamentos individuais e coletivos que provavelmente retardam a propagação de uma epidemia; “distanciation sociale”, o nosso distanciamento social; “oxymètre” e “saturomètre”, oxímetro e saturometro, aparelhos que medem o nível de oxigênio individual; “téléconsultation” ou “teleconsulta”; “patient zéro”, o paciente zero; e “plutôt physique”, para definir “trabalho braçal”. Todas elas vão estar na versão impressa em 2021.
“As novas palavras não aparecem na versão imprensa porque ela saiu da gráfica no início do confinamento. Mas as novas foram adicionadas à versão digital. Os verbetes são estudados por um comitê editorial de 10 pessoas. Isso estabelece a seleção de cerca de cem palavras por ano e depois escrevemos as definições”, explicou Édouard Trououlez, um dos autores do Le Robert. A primeira edição do dicionário foi publicada em 1967, em oito volumes, sendo que desde 2008, é atualizado tanto na versão impressa quanto na digital.