Foi-se o tempo em que respeitavam os mortos. Aqui, dois exemplos: a família do escritor Sérgio Sant’Anna, que pretendia fazer da sua página no Facebook um memorial, retirou-a do ar, nesta quarta (13/05), diante de muitos comentários ofensivos, em vários posts, depois da sua morte, no domingo (10/05), aos 78 anos, por Covid-19.
Ninguém andava mais revoltado com o governo atual do que Sant’Anna, como mostrado em seu perfil nos últimos tempos e, desde sua morte, os eleitores de Jair Bolsonaro recuperaram posts em que ele criticava veementemente o governo. A morte do escritor foi atribuída à “justiça divina”. No dia 28 de abril, Sant’Anna postou que havia passado mal, com vários sintomas do coronavírus. Depois da morte, o post recebeu mais de 500 comentários ofensivos, que associavam a doença às suas críticas ao governo.
Outro exemplo foi o ataque à decoradora Lourdes Catão, de 93 anos, que morreu no mesmo dia (veja aqui uma homenagem de Hildegard Angel). Um perfil falso de Lourdes viralizou no Facebook mostrando-a como “bolsonarista” e contra o isolamento social ou uso de máscaras. Os comentários nas fotos foram dos mais impublicáveis possíveis, de pessoas que não a conheciam, dizendo que a socialite “teve o que mereceu”. O neto de Lourdes, Roberto Catão, atestou a falsidade do perfil, retirado do ar nessa segunda (11/05), depois da repercussão.