A mudança cria um gargalo nas estatísticas: enquanto os hospitais já registraram 2.978 vítimas fatais da doença na capital, o painel mostra apenas 1.801 óbitos — uma diferença de 1.177 pessoas que já morreram e deixam de constar no painel. O número maior foi anunciado, mais cedo, pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), que inclui a cidade em seus boletins diários.
Acontece que atestados de óbitos são, quase sempre, emitidos antes que fiquem prontos os resultados de exames que constatam infecções pela Covid. Procurado, Daniel Soranz, médico sanitarista, mestre em Políticas Públicas de Saúde, doutor em Epidemiologia e ex-secretário Municipal de Saúde na gestão Eduardo Paes de 2014 a 2016, comenta: “Para resolver o problema, o prefeito Marcelo Crivella obrigou a equipe da Vigilância Epidemiológica do município a abandonar o sistema de informação de óbitos do SUS e usar um sistema da Secretaria de Infraestrutura dos cemitérios”. E completa: “Crivella está maquiando as estatísticas da Covid, sem oferecer testes à população; só vai considerar os óbitos que foram testados como coronavírus”. Que tal?