Minutos depois de uma simples ligação a Walter Nogueira, da VPNX, empresa de segurança da tecnologia da informação, com servidor na Suíça, ele retornou para a repórter da coluna, dando todos os dados pessoais possíveis: CPF, nome da mãe, endereços associados, vizinhos — tudo devidamente autorizado, que fique claro! Se fosse um hacker com outras finalidades, a jornalista não teria a mesma sorte. Foi um “teste” para mostrar que todas as pessoas estão suscetíveis à invasão da sua privacidade.
Com o isolamento social, as rotinas de trabalho, estudo, transações bancárias, consultas de telemedicina, audiências judiciais e tantas outras foram transferidas quase que exclusivamente para a Internet. Para isso, existem as empresas de segurança, como a de Adan, que trabalha com a criptografia, o uso de técnicas para tornar uma mensagem compreensível apenas ao seu destinatário. “Trabalhamos com criptografia militar. Você fica completamente blindado, e nossos servidores ficam na Suíça e Espanha, porque o sistema no Brasil é completamente falho”, diz ele.
A Opensignal, empresa de análise de redes móveis, por exemplo, fez um estudo sobre o aumento do uso de wi-fi e, no Brasil, na última semana de abril, foi registrada uma porcentagem de uso de 70,1%. “Além disso, uma das coisas preocupantes ventiladas pelo governo é o uso de dados de geolocalização, uma análise de informações para monitorar qual o percentual de pessoas em determinada região está em casa. Isso traz efeitos colaterais. Ao mesmo tempo que funciona para controlar aglomerações, esses serviços ficam suscetíveis a criminosos que se aproveitam, roubando dados pessoais e os benefícios dos usuários através das redes”, explica Nogueira, que tem muitos artistas, empresários, advogados, jornalistas e os próprios integrantes do governo entre seus clientes, que contrataram o serviço de VPN (Virtual Private Network), que permite usar a Internet de forma anônima.
Walter dá algumas dicas para quem ainda não está blindado: “Desativar o GPS quando não está usando e não confiar em redes 4G e wi-fi públicas. O roubo de dados é mais comum e mais fácil do que você pode imaginar, para qualquer pessoa que tenha uma mínima noção de internet”.