Quanto mais ficamos isolados socialmente, mais usamos os mecanismos tecnológicos para nos aproximar.
Os inúmeros aplicativos de encontro aumentam nossa criatividade. Podemos falar com a família, matar a saudade dos filhos, netos, pais e, até mesmo, jantar ou fazer happy hour com amigos.
Os aplicativos permitem que grupos se vejam e conversem ao mesmo tempo. As mesas de jantar são postas como se fôssemos receber em casa, na tela do zoom, aplicativo que a Anvisa bloqueou, nessa terça (06 06), por falhas na segurança; até então era um aliado na quarentena.
Isso sem falar do trabalho remoto, que provavelmente vai criar uma nova geração de profissionais que continuarão no home office. Mas, voltando aos encontros sociais virtuais, usávamos alguns aplicativos e até apostávamos que a casa do futuro seria muito tecnológica, mas em termos de conforto do morador. Jamais poderíamos imaginar que toda a nossa vida atual seria virtual.
Se pararmos para pensar nos últimos 100 anos, na paralisante pandemia da gripe espanhola, em 1918, fizemos grandes avanços. Independentemente do tempo que nos sobra, repensamos e recriamos um novo estilo de vida e novos hábitos, como sempre aconteceu em períodos de isolamentos.
Hoje podemos fazer tudo — ler, ouvir música, assistir a filmes inéditos, nos encontrar, trabalhar e, por muitas vezes, receber virtualmente. Todos esses recursos tecnológicos amenizam e suavizam nossa vida em casa, um local que, atualmente, para alguns, transformou-se em um cenário silencioso e tedioso, e, para outros, num tumulto diário.
Suavizar e descomplicar a nossa vida para simplificá-la tem sido quase uma constante para cada indivíduo em isolamento. Aprendemos a conhecer mais a nossa casa e a nós mesmos, reaprendemos a conviver com mais simplicidade, fazendo as tarefas de casa. Aprendemos, principalmente, a conviver de forma virtual e a valorizar esses encontros.
Celular, computador, tablet e smart TV nos acompanham o tempo todo, fazendo-nos sentir parte da comunidade global. O sofá, a poltrona ou a cama fazem parte dos encontros informais. Porém, quando marcamos encontros coletivos, arrumamos a mesa, a sala e nós mesmo, como nos encontros reais. Mas tudo vai passar, assim como este momento.
Nossa casa vai ficar com muitas marcas deste período. Podemos mudar tudo ou rearrumar aquele lugar, aquela poltrona ou mesa, mas a importância da nossa casa e a segurança do nosso lar terão novo significado e afetividade – tanto para quem mora em situações precárias como para quem é privilegiado. A importância de ter um lugar seguro, habitável e que traga bem-estar é fundamental e será prioridade, um refúgio para qualquer ameaça.
Nós, como arquitetos e decoradores, pensamos e repensamos a nova casa pós-coronavírus: ela será, mais do nunca, o lugar mais importante para todos nós.