A fotógrafa Cristina Granato, personagem do cenário cultural carioca, está empenhada no projeto “Rio Solitude” (que pode representar o isolamento e a reclusão, voluntários ou impostos), em que sai pelo Rio fotografando estátuas de pessoas que fizeram parte da história da cidade. “Costumo sair às 5h da manhã para não ficar muito exposta porque minha mãe acabou de fazer 88 anos, ou seja, é grupo de risco. A proposta é capturar o olhar dos nossos grandes artistas imortalizados em bronze nas ruas vazias”, diz Granato, que enviou a proposta para o projeto “Arte como respiro: múltiplos editais de emergência”, do Itaú Cultural, que contempla artistas visuais e fotógrafos. Granato está sem trabalho com o isolamento social, se for selecionada, ganha R$ 3 mil pelo licenciamento dos direitos autorais das imagens e seu trabalho vai ser incluído na programação virtual do programa ou de outros canais.
Nessa quinta (24/04), Cristina clicou o poeta Carlos Drummond de Andrade, que vive acompanhado na Praia de Copacabana e com a quarentena nunca esteve tão sozinho. “Aproveito para citar a poesia ‘Cota Zero’, que tem tudo a ver com o momento: “Stop. A vida parou ou foi o automóvel?’. Drummond, assim como o coronavírus, já nos convidava a dar uma parada e refletir sobre o ritmo frenético de uma vida focada em acumular, seja o que for”, diz Granato. Além de Drummond, ela fez imagens de Chacrinha, Cazuza, Clarice Lispector, Dorival Caymmi e tantas outras.