Célio Gari, presidente da Associação Círculo Laranja, que reúne parte dos servidores da Comlurb, está propondo uma greve, não por aumento de salário, mas pelo direito ao equipamento de proteção individual (EPI) da categoria no Rio; tudo, depois da morte do gari Manoel, de 62 anos, conhecido na gerência de Copacabana por “Quarenta”, que morreu na madrugada desta quinta (02/04), com sintomas do coronavírus, em casa, depois de ter sido liberado do hospital São Matheus, em Bangu, diagnosticado com gripe comum. Em matéria no RJ TV, no atestado de óbito, a causa da morte foi “suspeita do Covid-19”.
A companhia enviou, ao local de trabalho de Manoel, um caminhão espargidor, daqueles de limpeza com sabão, para esterilizar as dependências, segundo um colega de trabalho que não quis se identificar.
Enquanto isso, a Comlurb segue a toda na cidade, fazendo a higienização diária de pontos de ônibus, metrô, passarelas, ruas e calçadas, com funcionários sempre usando equipamento de proteção. Aos que trabalham nos caminhões de coleta, segundo a empresa, “Quem não estiver com sintomas de gripe e não trabalha na área hospitalar, não precisa usar”. A coluna entrou em contato com a Comlurb, por telefone e e-mail, mas, até o momento, não obteve resposta.
“Não podemos aceitar a morte do Manoel. Ele era saudável. Temos que transformar a dor da morte em luta! Ele morreu por irresponsabilidade do governo, não temos política pública, não há testes, não há tratamento, não há respiradores, não há leitos. Não há prevenção, não há água, não há sabão, não há álcool em gel. Se os garis continuarem aceitando a forma perversa da Comlurb em colocar os funcionários vulneráveis ao vírus, teremos mais mortes. São trens lotados, vans da empresa lotadas e sem nenhuma proteção”, escreveu Célio em suas redes.