Muito já se falou sobre o coronavírus, e eu, como imunologista, estou acompanhando com preocupação. As pessoas, realmente, têm que se isolar, não sair de casa! Por todos os inúmeros papéis que estão sendo publicados, estamos vendo que grande parte do contágio é feito por portadores assintomáticos do vírus; daí a necessidade do isolamento total, pois não se sabe quem está ou não infectado.
Outro ponto importante é que as pessoas não façam o teste sem sintomas já que, além de eles terem só 38% de chance de serem positivos nessa fase do vírus, estão tirando chance de quem realmente precisa, correndo o risco de não encontrar; na verdade, já está em falta! A recomendação é para todos ficarem em casa, mesmo que estejam com sintomas fracos, pois a grande maioria dos que tiverem a doença vão ficar bons. E muita, muita atenção com os idosos!
Grande parte dos médicos está atenta e começando a fazer consultas por vídeo, o que tranquiliza e protege o paciente. Assim, diminuímos a circulação e, ao mesmo tempo, estamos presentes e, se necessário for, ele será encaminhado a uma emergência. Nós, médicos, também ficamos protegidos, e o paciente não se sente órfão. Suspendi as aulas da pós-graduação da PUC, e fechamos nessa quarta (18/03) o ambulatório por recomendação da própria universidade e também do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio (CREMERJ).
As aulas vão ser on-line. Ir ao consultório é risco de contaminação pra todo mundo, e ir para as emergências é exposição à toa. Rezo para que os brasileiros fiquem doentes progressivamente, em vez de todos ao mesmo tempo, ou sobrecarregaria o sistema, como está acontecendo na Europa. Eu, por exemplo, sou especialista em asma; muita gente, às vezes, confunde. Vamos todos manter a calma e ter fé que vai passar. O momento é de pensar no coletivo!
Teresa Seiler é imunologista e alergista; tem consultório no Jardim Botânico; é coordenadora da pós-graduação em Alergia e Imunologia da escola médica da PUC-RJ.