Não demora muito, e o coronavírus pode mudar completamente o cenário da indústria do sexo no Brasil. Na China e Nova Zelândia, segundo o “NZ Herald”, as prostitutas tiveram que baixar os preços dos programas pela falta de clientela. A prefeitura de Amsterdã, na Holanda, limitou as visitas guiadas à zona de prostituição, o bairro da Luz Vermelha. Já, em Seattle, nos Estados Unidos, que tem 190 casos da doença com 22 mortes, as moças já começam a sentir no bolso. Algumas profissionais começaram a medir a temperatura corporal todas as manhãs e pedem aos clientes que façam o mesmo; tem até política contra o beijo. Mesmo assim, elas estão muito preocupadas com a falta de demanda, mesmo porque os boletos continuam chegando. Segundo o jornalista Michael Hobbs, do Huffington Post, até a clientela das garotas que atendem em lugares fixos e nas ruas evaporou.
“Estou vendo colegas que vão ter que morar nas ruas ou vão perder a custódia de seus filhos. Dois dos meus clientes já cancelaram os encontros nos últimos três dias”, disse Suzanne Myers, uma das prejudicadas. Segundo os Centros de Controle de Doenças de Seattle, o contato íntimo é uma das maneiras mais eficazes de pegar o vírus, e as horizontalmente acessíveis não têm seguro social para enfrentar uma perda inesperada de renda. Além disso, elas dependem de clientes dos grupos com maior risco do coronavírus, os mais velhos.
E também foram aprovadas, em 2018, duas leis que proíbem anúncios de acompanhantes da Internet, uma medida que levou mais prostitutas às ruas, reduzindo a cotação. A taxa atual de sexo oral, por exemplo, estava a US$ 60, caiu para US$ 30 (aproximadamente R$ 300 e R$ 150).
No entanto, as acompanhantes mais elaboradas, que costumam cobrar US$ 500 (R$ 2.500) por duas horas, deixaram de cobrar taxa de cancelamento, adicionaram álcool gel à cabeceira e pedem aos clientes que lavem as mãos. Depois da visita, elas esterilizam tudo, incluindo tubos de lubrificante, lençóis e brinquedos sexuais; algumas até dão dicas de limpeza aos mais velhos. “É possível que o setor cresça online. A indústria do sexo é notavelmente resistente a eventos externos, como recessões, mudanças políticas e até surtos de doenças”, disse Alex Andrews, cofundador da Swop Behind Bars, uma ONG de apoio às profissionais do sexo.