Quem diria que viveríamos este momento! Se alguém sugerisse algo parecido com o que estamos vivendo hoje, na mesma hora eu pensaria: essa pessoa é fixada em filmes de ficção, como em “Guerra dos mundos”, protagonizado por Tom Cruise.
Para quem não viu ou não se lembra, na trama, os alienígenas são todos derrotados por um vírus. Hoje, nossa realidade é que também lutamos contra um vírus para não sermos igualmente defenestrados.
Trancados na segurança das nossas casas, perplexos, encontramos motivos para ficar encantados com a força das relações humanas, assim como a nossa alienação a situações que existiam sem que tomássemos conhecimento.
Agora, descobrimos lugares esquecidos que não usávamos em casa e pontos turísticos e cantos do Rio que, no momento, fazem falta. Fora pensar na triste realidade de quem vive em situações precárias, com até 10 pessoas em mínimas metragens quadradas, principalmente nas favelas; crianças que ficam sem comer em casa, já que não têm a merenda escolar; tantos cantos na nossa cidade e em casa, esquecidos e abandonados.
Que este momento nos permita tomar conta dos lugares esquecidos da nossa casa, da nossa cidade e do nosso Planeta! Para manter a sanidade e tranquilidade, é importante manter a casa limpa, assim como a nossa mente. No primeiro caso, usar água sanitária nos pisos laváveis e, quando fizer compras no mercado, lembrar de oferecer ajuda a quem precisa ou não pode sair – pequenos gestos se transformam em ações gigantes; no segundo, rezar, meditar, ouvir música, assistir a filmes, ler livros, praticar atividades físicas.
Do micro ao macro, podemos até pensar que perdemos a liberdade, mas, no fundo, ganhamos força e liberdade nos conhecendo e o mundo ao redor. Médicos, cientistas e pesquisadores são os nossos heróis há milênios, mas sempre colocamos a ciência em um lugar distante no cotidiano. Hoje acompanhamos de perto o esforço e a dedicação desses incríveis profissionais que se arriscam por nós todos os minutos.
Perguntamos sobre a rotina extenuante e incansável de dois médicos.
O casal Bebel e Paulo Niemeyer mudou completamente sua rotina de vida. Ela é decoradora e ele, neurocirurgião e presidente do Instituto Estadual do Cérebro (IEC), que disponibilizou 44 leitos de CTI do Instituto e seus laboratórios para realizarem 200 exames de diagnóstico do Covid-19 por dia. Eles não se cansam de atender a ligações para dar orientações sobre a doença. “Nossa casa virou estilo americano, cada um fazendo sua parte na rotina e rezando pra que venham dias melhores. Observei que em vez de ter de correr atrás, as pessoas estão oferecendo ajuda. A generosidade está à flor da pele”, diz ela.
A paulista Mirta Beolchi, que vive no Rio, é cirurgiã plástica. Ela disse que sua rotina mudou muito, até porque o exame deu positivo para o Covid-19. “Como médica, apesar dos cuidados de higienização, fiquei positiva para coronavírus, mas com sintomas leves e sem repercussão respiratória. O mais importante neste momento é nos concentrarmos na família e nas pessoas de mais idade que nos rodeiam. Façamos a nossa parte individualmente, como pudermos. O mais importante é que, em poucos dias, estarei imunizada para poder voltar e ajudar quantas pessoas eu puder. Uma boa dica para a casa é tirar o tapete da entrada e colocar um pano molhado com água sanitária. Os alemães estão dizendo que há uma grande concentração de vírus nesses locais”.