O brasileiro é mesmo impressionante, em todos os sentidos. Para golpes então, é PHD. Nesse fim de semana, foi colado na porta principal e nas laterais da Imperial Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos, no Centro —a primeira igreja a receber a família real portuguesa na sua chegada ao Rio — um “comunicado” no qual a administração estaria pedindo doações para obras por depósito bancário usando, inclusive, o CNPJ da igreja. “Tal associação, tal ação, tal iniciativa, não é da Irmandade, e não nos responsabilizamos por nenhuma campanha de captação de esmolas, vaquinha virtual, doações ou ofertas para obras. A Irmandade não está pedindo dinheiro a ninguém. Não caia em armações. Não seja enganado. O nosso trabalho está sendo desenvolvido junto aos órgãos do patrimônio”, disseram os representantes, nesta segunda (09/03).
Desde o ano passado, a igreja está interditada por má conservação e risco de incêndio. Hoje, só a fachada permanece igual. Um incêndio em 1967 destruiu a decoração em estilo barroco. A irmandade que fundou a igreja no início do século XVIII é até hoje a dona do imóvel e o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), responsável pela preservação do patrimônio histórico, até hoje não apresentou um projeto de reformas.
Enquanto isso, a Irmandade criou o movimento “Ninguém Solta o Terço”, que acontece nos primeiros sábados de todo mês, nas imediações, com o objetivo de pegar assinaturas para um abaixo-assinando pedindo o tombamento da Igreja pelo Inepac (Instituto Estadual do Patrimônio Cultural). No mesmo prédio, fica o Museu do Negro, que também foi interditado.