O mundo das artes plásticas está praticamente em pânico, desde que soube que o governo da Bahia fez um contrato de comodato e autorizou o empréstimo de 12 trabalhos de Frans Krajcberg (1921-2017) para o Cerimonial Loreto, uma casa de festas na Ilha dos Frades, em Salvador.
Marcia Barrozo do Amaral, galerista representante do artista no Rio e uma das 14 integrantes da Associação de Amigos de Frans Krajcberg (AMA Frans), por exemplo, está inconformada com a atitude do Instituto do Patrimônio Artístico Cultural da Bahia (IPAC) e a Fundação Baía Viva, que administra o Cerimonial Loreto, um espaço que comporta 800 pessoas em festas de casamento e eventos corporativos de grandes empresas, onde só se chega de barco.
“Estamos tentando defender os interesses de Frans, que deixou documentos formais em cartório, nos quais declara não desejar que as obras saíssem do Sítio Natura (antiga casa e ateliê do artista em Nova Viçosa, extremo-sul da Bahia), e, embora ele tenha feito uma doação para o estado da Bahia, as obras só poderiam sair eventualmente se fosse feito um museu em Salvador”, explica Marcia.
Os trabalhos de Frans pertencem ao governo da Bahia desde 2009, quando ele doou o acervo de 48 mil itens com o objetivo de preservá-los depois da sua morte, incluindo esculturas, gravuras, fotografias e pinturas, todas atualmente no sítio. Frans, provavelmente, está se remexendo no túmulo!
“Não tem como transportar de barco, e o local não tem nada a ver com as obras dele. Embora pareçam resistentes, são frágeis, feitas em madeira — não podem ficar no tempo. A associação está batalhando para que isso não aconteça. Enviamos uma carta ao governador da Bahia (Rui Costa) pedindo que isso não vá adiante. O IPAC é subordinado ao governo, mas ainda não tivemos resposta. Estamos com dois advogados que são procuradores e que tiveram um encontro com o senador Jaques Wagner (ex-governador da Bahia), que era amigo pessoal de Frans”, diz Marcia à coluna.