Todos temos nossa professora de cabeceira. Alguém que, em dado momento de nossa vida, deu-nos conhecimento, carinho, atenção. Transformou-nos – nosso role model, um sentimento que nos enche a alma. Com esse conceito, é que uma professora diz coisas fundamentais, inusitadas, que nos fazem pensar. Com a força de mover e mobilizar, Eduardo Wotzik, encena o monólogo “Hannah Arendt — Uma Aula Magna”.
A peça, escrita, dirigida e interpretada por Eduardo Wotzik, que vive a própria filósofa Hannah Arendt, conta também com a atriz Natally do Ó. Em um figurino incrível, de blazer, calça, scarpin de salto alto, Wotzik constrói uma Hannah Arendt maior e mais contundente do que a filósofa que consagrou o conceito da banalidade do mal.
“Pela primeira vez, estou abrindo meu processo de criação e tendo a oportunidade de sentir o impacto do texto no público antes mesmo da estreia. Bem diferente de como aconteceu com ‘Missa para Clarice — Um espetáculo sobre o Homem e seu Deus’, que estreamos em 2016, e viajamos o Brasil apresentando para 60 mil pessoas. Esse tem sido um dos melhores acontecimentos, ainda mais porque, com Hannah, o processo é 100% autoral — texto, atuação e direção”, comenta Wotzik .
O palco torna-se o epicentro de um turbilhão de conceitos sobre o que é educação, os embates entre o que é o ensino, os alunos e que os professores e o sistema formal são ineficientes, tão longe do que deveriam alcançar. Durante 50 minutos, Wotzik fala, discursa, grita, vocifera e faz um jogo com a plateia que nos tira da zona de conforto. Mostra que, na passividade banal, pode estar o mal.
Serviço:
Clube Manouche, Casa Camolese, no Jardim Botânico
Quinta a sábado, às 20h30