Hélio Cabral, diretor-presidente da Cedae, disse, nesta quarta (15/01), que a água distribuída pelo Reservatório do Guandu, que atende a grande parte da população carioca, não terá mais a presença da geosmina a partir da próxima semana. Segundo a companhia, essa substância, produzida por algas, é que provocou o gosto e o cheiro de terra na água.
No entanto, o biólogo Mario Moscatelli diz que a geosmina é apenas a ponta do iceberg. “Ouvindo a fala do presidente da estatal, parece que o problema se resume a remover a tal toxina. Nada se falou sobre a neutralização da fonte, que são os rios que despejam esgoto no ponto de captação das águas da estação do Guandu. Passou batida a causa de todo o desequilíbrio, e a solução se resumiu na eliminação do odor! Desde que não tenha cheiro e sabor, parece não ser encarado como contratempo o extravasamento de esgoto. Enquanto isso, segundo a imprensa, a estatal teve lucro de R$ 830 milhões em 2019. Fácil de entender”.
Segundo Mario, a situação não é nova: “Em português claro, é merda por todo canto, seja em lugar pobre ou rico, onde nos nivelamos por baixo. Isso não é fruto de uma fatalidade, muito pelo contrário, mas efeito de décadas de descaso em que o tema nunca foi levado a sério, e a impunidade sempre falou mais alto; afinal, que mal há em degradar se render algum?”, disse, citando uma promessa feita, em 2008, pelo então presidente da Cedae, Wagner Victer, que negociava um financiamento para o tratamento da floração (geosmina ). À época, a empresa também disse que não identificou toxinas na água.