Saudosismo pode ser melancólico ou muito positivo e, até mesmo, alegre quando nos lembramos de tudo de maravilhoso que uma pessoa nos deixou (quantos momentos bons!), principalmente, quando lembramos seu legado inestimável. Vamos falar hoje de dois decoradores maravilhosos que deixaram saudades em um time de amigos e clientes e das lindas casas que projetaram.
Cada um no seu gênero e completamente diferentes profissionalmente, Helio Fraga (que morreu em 2005) e Pedro Espírito Santo (em 2018) tinham um denominador comum: o amor ao que faziam; quase inexistia a fronteira amigo-cliente. Para o trabalho ter um bom resultado, todos se transformaram em grandes amigos, com raríssimas exceções, claro.
Helio adorava casas com vida, objetos e detalhes que transformavam os ambientes em locais sofisticados e confortavelmente ocupados; portanto, na sua casa, não poderia ser diferente. Ele adorava receber, e a ambientação girava em torno disso. Amante de móveis antigos, Helio conseguia colocá-los de forma muito elegante, em harmonia com tecidos e objetos de arte. Suas decorações deixaram saudades em muitos no mercado, em construtoras, como a Laer, e, principalmente, nos grandes e fiéis amigos-clientes.
Pedro Espírito Santo veio para o Brasil, trazendo, na bagagem, sua elegante e sofisticada formação portuguesa de lindas casas e as referências das “quintas” de sua família.
Amante do Rio, redescobriu e valorizou, com a maior elegância e charme, a casa tropical. Pedro se preocupava em destacar a atmosfera tropical em suas ambientações. Ia da alegria e leveza das cores claras à simplicidade e à elegância de materiais, como a palha e o algodão. Dava, também, importância à luz natural. A paisagem do Rio era o foco e o entendimento preciso e elegante da ambientação tropical.
Perguntei sobre Heio a seu filho, Helio Fraga Neto, que, por ter convivido com o amor por esse mercado, também se dedicou a isso e cria maravilhosos projetos de som e automação. Perfeccionista como o pai, Neto está presente em todos os melhores projetos dos grandes arquitetos e construtoras entre Rio e São Paulo .
Para ele, Helio Fraga assim definia uma casa: “A casa das pessoas é sempre algo muito íntimo e especial. Meu pai sabia transformar os ambientes de uma casa em um lugar único para cada um de seus clientes, sempre cheio de cores em completa harmonia, misturados a objetos e móveis pessoais ou de família, deixando os orgulhosos proprietários sempre muito felizes. Por conta dessa relação, muitas vezes vi o profissional e o cliente se tornarem grandes amigos. Tratava a todos igualmente, do faxineiro ao cliente mais importante, sempre com muito jeito, respeito e cordialidade. Buscava sempre utilizar a mesma equipe que lhe era fiel, para que tudo fosse entregue sempre impecável e no prazo combinado. Organizava tudo sozinho, sem secretária ou qualquer assistente. Usava apenas uma agenda e dizia que seu carro era o seu escritório”.
Para falar sobre Pedro, chamamos Andreia Prado, que foi casada com um primo de Pedro e frequentou suas casas tanto no Brasil quanto em Portugal. Como amiga e admiradora de Pedro Espírito Santo, ela define a concepção dele sobre uma casa: “A casa do Pedro é sinônimo de extremo bom gosto, de requinte máximo na simplicidade, de acolhimento, aconchego, carinho, atenção, de graça, de riso, de generosidade em todas as suas formas… de Amor. Muitas saudades, mesmo fazendo parte do meu dia todos os dias”.