O mundo encolheu. Foi-se o tempo em que uma viagem para a Europa, Ásia, Estados Unidos demorava dias, meses e era complicada e caríssima. Hoje os aeroportos parecem as rodoviárias de outros tempos. Muito mais democráticas, as viagens de avião ficaram mais comuns para algumas pessoas do que andar de carro e, com certeza, do que pegar a estrada de carro ou ônibus. Com isso temos a sensação de que estamos em um mundo menor.
Um fato curioso é que a demanda pela nossa presença, apesar de todas as facilidades virtuais. O olho no olho nunca foi tão valorizado, assim como o tratamento pessoal e a assistência presencial. O que faz toda a diferença no mundo corporativo é a capacidade de deslocamento. Nossa presença nunca foi tão necessária, importante e valorizada.
Hoje os superprofissionais se deslocam pelo mundo e pelo Brasil atendendo em seus clientes em consultórios, empresas e fábricas. A ponte aérea Rio-São Paulo é tão intenso que às vezes sentimos que estamos saindo de um bairro e entrando em outro, a diferença é o meio de transporte, o avião.
Mas como é precisar estar sempre nas alturas? O que acontece com esses empresários que usam o avião de duas a três vezes por semana em viagens rápidas ou uma vez por semana em viagens longas? O avião deveria relaxar, já que não existe trânsito e podemos ouvir música enquanto outras pessoas se ocupam em pilotar e gerenciar todas as engrenagens para uma viagem segura, afinal estamos todos no mesmo barco a partir da decolagem.
Perguntei a três profissionais bem sucedidos (em ordem alfabética) que dividem suas carreiras em duas ou mais cidades no Brasil e exterior. Para eles, o avião tornou-se uma segunda casa.
Arnaldo Danemberg tem um lindo antiquário em São Paulo, um maravilhoso ateliê de restauração no Rio, além do Studio AD, de móveis elegantes, sofisticados e ressignificados pela sua talentosa filha, Paloma, e ensina em cursos exclusivos sobre o mobiliário português e francês, além de capacitar vários restauradores. Há cinco anos morando nas duas cidades, o céu significa praticidade. “Uma bolsa de mão com papéis e documentos, viajar com calça sem cinto e levar na esportiva, sempre que possível, os atrasos, aeroportos lotados e alguns percalços. No mais, reservar um bom assento, levar fone de ouvido (tem gente que fala demais, né?), ouvir uma boa música, e o livro da vez. Rever a família e as praias cariocas fazem a viagem ficar mais prazerosa. Vida que segue”.
Marcelo Orlean está à frente de uma empresa que só faz crescer. Também entre Rio-SP, ele se desloca habitualmente para estar sempre de olho em suas fábricas e lojas – ele é representante de fábricas de tecido e papéis de parede internacionais, além de comandar sua própria marca, a Orlean, em todo Brasil, além de Miami (EUA). Jovem empresário, ele sabe que para uma a gestão competente, o deslocamento rápido e constante faz parte do sucesso. “O avião é parte do meu cotidiano, como acordar e colocar o sapato, almoçar ou jantar. Estamos juntos e somos amigos. Aeroporto é muito chato, tanto os nacionais como os internacionais, e os aviões, tanto os de carreira quanto nos jatinhos, a burocracia é igual. Mas nada se compara a uma viagem rápida segura e confortável. Me sinto bem e adoro avião. Pilotar deve ser muito bom”.
Paulo Müller é um cirurgião plástico conceituado no País, com consultórios no Rio e SP. Estar na ponte aérea é comum. “Tem algo de libertador porque sempre associei avião a viagem e prazer. Agora também a trabalho, então muda um pouco, mas sempre acho positivo. Sinto falta apenas da minha cama, no mais, adoro avião e hotéis”.